A primeira-ministra da Moldova, Natalia Gavrilita, apresentou esta sexta-feira a demissão, ao fim de um ano e meio à frente do Governo.
Embora não tenha fornecido grandes pormenores sobre a sua decisão, afirmou numa conferência de imprensa que não esperava ter “de lidar com tantas crises causadas pela agressão russa à Ucrânia” quando assumiu o posto, em agosto de 2021.
Segundo avançou o Público, a Moldova é um dos países que mais tem sofrido com os danos colaterais da guerra. Uma inflação galopante, cortes de energia causados pelos ataques às infraestruturas ucranianas e o facto de deixar de depender do gás natural russo são alguns dos fatores negativos que a nação tem enfrentado.
Esta sexta-feira de manhã, o exército ucraniano garantiu que dois mísseis de cruzeiro russos sobrevoaram o espaço aéreo da Roménia, país membro da NATO, e da Moldova, antes de entrarem na Ucrânia.
Segundo o chefe do Estado-Maior do exército ucraniano, Valery Zaluzhnyi, os projéteis foram “lançados do Mar Negro” e “atravessaram o espaço aéreo romeno” cerca das 00:30 (hora de Portugal Continental), antes de entrarem no espaço aéreo ucraniano.
A Roménia indicou que as informações do oficial ucraniano “não tinham sido confirmadas”, mas a Moldova anunciou que um míssil entrara no seu espaço aéreo. O Governo convocou o embaixador de Moscovo em Chisinau, Oleg Vasnetsov, classificando a ação como “violação inaceitável”.
“A Rússia continua a guerra agressiva contra a Ucrânia”, sendo que “os ataques com mísseis contra o país vizinho afetam de forma direta e negativa a vida dos cidadãos moldavos2, referiu um comunicado publicado no portal da diplomacia moldava.
A primeira-ministra moldava já tinha confrontado Moscovo nos últimos dias, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros russo ter defendido que o Ocidente pretende transformar a ex-república soviética “na próxima Ucrânia”. Sergei Lavrov disse mesmo que havia planos para integrar o país na NATO ou fazê-lo absorver pela Roménia.
Confrontada com estas declarações, terça-feira, Gavrilita lamentou, em conjunto com o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, as afirmações do ministro russo. “As declarações feitas pelo ministro Lavrov são preocupantes e não têm em conta a soberania e independência da República da Moldávia”.
“Os cidadãos moldavos disseram nas urnas que orientação desejam para o nosso país, decidiram o nosso modelo de desenvolvimento e disseram que querem o caminho europeu. A sua vontade deve ser respeitada e devemos cumprir a sua vontade política”, afirmou, no final da reunião do Conselho de Associação UE-Moldova.
Na quinta-feira, durante a sua intervenção inicial na reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, revelou que a Rússia quer controlar a Moldova “e explorar os seus recursos e as suas pessoas”.
Segundo Zelenskyy, foram os serviços secretos ucranianos que intercetaram informação relativa a um plano que estaria em preparação pela Rússia para atacar e desestabilizar a Moldova – dados partilhados com as autoridades de Chisinau. O chefe de Estado não sabe se Moscovo “deu ordens para prosseguir este plano”.
A Moldova, que durante anos foi governada por políticos com boas relações com a Rússia, começou a aproximar-se da União Europeia (UE) quando o Partido da Ação e da Solidariedade (PAS), de Gravrilita, fundado em 2016 pela atual Presidente, Maia Sandu, venceu as legislativas de 2021.
Em junho de 2022 o país foi aceite como candidato oficial à adesão à UE, juntamente com a Ucrânia.
ZAP // Lusa