Jovens que não dormem o suficiente têm mais risco de desenvolver esclerose múltipla

Dormir entre oito a nove horas por noite é uma fórmula que ajuda a manter uma boa saúde. Mas muitos jovens não conseguem manter uma rotina de sono.

Num estudo publicado recentemente no Journal of Neurology Neurosurgery & Psychiatry, um grupo de investigadores da Suécia descobriu que a falta de sono na adolescência aumenta o risco de desenvolver esclerose múltipla mais tarde.

A esclerose múltipla é uma que surge habitualmente na terceira década de vida, com o dobro da frequência no género feminino. A maioria dos casos é diagnosticada entre os 20 e os 50 anos. Embora não seja fatal, é muito incapacitante.

A esclerose múltipla atinge o sistema nervoso central. As fibras nervosas das células do sistema nervoso estão revestidas por uma bainha chamada mielina, essencial para que os estímulos sejam corretamente propagados.

Nesta patologia a mielina é destruída, impedindo uma adequada comunicação entre o cérebro e o corpo. Por outro lado, o processo inflamatório que ocorre nesta doença lesiona as próprias células nervosas, causando perda permanente de diversas funções, dependendo das zonas afetadas.

De acordo o Study Finds, investigações anteriores já tinham demonstrado que fazer trabalho por turnos numa idade jovem pode aumentar o risco de desenvolver a esclerose múltipla.

Neste estudo recente, os investigadores utilizaram dados da Investigação Epidemiológica da Esclerose Múltipla (EIMS) relativos a suecos com idades compreendidas entre 16 e 70 anos. Os pacientes com esta condição foram recrutados em hospitais e clínicas privadas de neurologia.

A equipa prestou especial atenção aos padrões de sono entre os 15 e os 19 anos. No final, incluíram na análise 2075 pacientes com a doença e 3164 sem a condição.

Para realizar o estudo questionaram os pacientes sobre a duração do sono nos dias de trabalho e de aulas e nos fins de semana e nos dias livres, em diferentes idades. Os participantes também tiveram que avaliar a qualidade do seu sono em diferentes idades.

Os investigadores classificaram a duração do sono como curta (menos de sete horas por noite), adequada (sete a nove horas por noite) e longa (dez ou mais horas).

Os resultados revelaram que dormir menos horas e ter uma menor qualidade de sono durante a adolescência aumentou o risco de diagnóstico de esclerose múltipla. Comparando com um sono adequado, o sono curto representa um risco 40% mais elevado de desenvolvimento da doença.

O sono longo, tanto nos dias de trabalho como nos dias de escola e fins de semana, não mostrou o mesmo risco acrescido.

“O sono insuficiente e de baixa qualidade durante a adolescência parecem aumentar o risco de desenvolvimento posterior de esclerose múltipla. Um sono reparador, necessário para o bom funcionamento do sistema imunitário, pode ser um fator preventivo contra a doença”, indicou a equipa em comunicado.

“Foram também demonstradas associações entre o uso das redes sociais e os padrões de sono. A disponibilidade da tecnologia e o acesso à Internet a qualquer momento contribui para um sono insuficiente entre os adolescentes e representa uma importante questão de saúde pública”, acrescentaram os investigadores.

A equipa sublinhou, contudo, que uma das principais limitações às suas conclusões é que a causa inversa pode estar em jogo. O sono insuficiente pode ser o resultado de danos neurológicos e não o contrário.

Independentemente disso, frisaram que dormir muito pouco ou ter um sono de má qualidade é reconhecido como inflamatório e prejudicial para o sistema imunitário.

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