Rui Rocha, o deputado que recebeu o apoio do ex-líder João Cotrim de Figueiredo, venceu as eleições internas da Iniciativa Liberal com 51,7% dos votos.
O deputado Rui Rocha foi hoje eleito o novo presidente da IL, tendo a moção apresentada pela sua lista à comissão executiva alcançado 51,7% dos votos.
À sucessão de João Cotrim Figueiredo apresentaram-se, pela primeira vez na história do partido, mais do que uma lista e disputaram a liderança os deputados e dirigentes Rui Rocha e Carla Castro e o conselheiro nacional José Cardoso na VII Convenção Nacional da IL, que termina hoje em Lisboa.
De acordo com o regimento à convenção, “é aprovada como Moção de Estratégia Global pela Convenção Nacional, a Moção que obtiver a maioria simples dos votos” e “a lista proponente da Moção de Estratégia Global mais votada é eleita como Comissão Executiva”.
A moção de estratégia de Rocha ficou assim à frente da também deputada Carla Castro, que obteve 44% dos votos. José Cardoso, conselheiro nacional, ficou em terceiro lugar com 4,3% dos votos.
Rui Rocha nasceu em Lobito, em Angola, mas vive em Braga desde criança. Foi precisamente por Braga que foi eleito deputado nas legislativas de Janeiro de 2022. O deputado de 52 anos é licenciado em Direito na Católica de Lisboa e já trabalhou como advogado e como gestor de recursos humanos.
“O partido precisa de transformação”
No discurso de encerramento da VII Convenção da IL, no Centro de Congressos de Lisboa, Rui Rocha diz que ouviu os membros, quer durante a campanha interna, quer durante a reunião magna.
“O partido precisa de transformação, nós vamos fazê-la e vamos fazê-la de forma muito rápida. Queremos o partido pronto para as batalhas que queremos combater”, disse.
Rui Rocha agradeceu ao presidente cessante e seu apoiante, João Cotrim Figueiredo, considerando-o “um líder extraordinário”, mas também aos dois candidatos derrotados, Carla Castro e José Cardoso, pela “coragem cívica que demonstraram e ao modo como contribuíram para esta eleição”.
“Para que não fiquem dúvidas, ao agradecer a Carla Castro e José Cardoso, conto com todos os liberais sem exceção. Todos os que queiram participar no futuro da IL. No futuro da IL, são todos muito bem-vindos, somos todos liberais, estamos cá para mudar Portugal”, afirmou.
Antes de subir ao palco para encerrar a convenção, o novo presidente da IL afirmou que o papel que Carla Castro, candidata derrotada, terá na IL “é aquele que tem hoje e tudo o que quiser fazer dentro da participação possível no partido”.
“O passado termina hoje na IL, hoje abrimos uma nova página de crescimento, só interessa o futuro da IL”, afirmou, em breves declarações aos jornalistas, entre muitos abraços com apoiantes.
Aprovadas 11 de 12 moções setoriais
Os liberais da VII Convenção Nacional aprovaram hoje ainda 11 de um total de 12 moções setoriais, tendo viabilizado um texto que pede ao partido mais transparência e chumbado outro que pretendia eliminar perfis ‘online’ de jovens liberais.
Os resultados foram anunciados pelo vice-presidente da Mesa, Nuno Fernandes, depois de um longo período de votações presencial que demorou cerca de uma hora e um quarto, com os membros impossibilitados de sair da sala do Centro de Congressos de Lisboa durante todo este tempo.
A única moção chumbada gerou polémica no debate do primeiro dia da reunião magna e pretendia que a direção liberal uniformizasse “a presença do partido nas redes sociais, mantendo a sua identidade de comunicação como ‘Iniciativa Liberal’ e seus núcleos territoriais, eliminando as páginas e perfis ‘Jovens Liberais’”.
Após a rejeição – com 840 votos contra, 283 abstenções e 153 votos a favor – ouviram-se vários aplausos na sala, saudando o resultado.
No conjunto das restantes moções, todas aprovadas, inclui-se o texto ‘Maior transparência na Iniciativa Liberal’, no qual é recomendando que a IL “reforce o princípio de uma gestão transparente, tanto nas decisões, como na sua gestão financeira, em todas as áreas de gestão do partido”.
Os subscritores querem ainda que “a informação financeira relativa aos contratos celebrados pela Iniciativa Liberal” que envolvam membros ou que possam impactar economicamente (nomeadamente via familiares diretos) dirigentes dos órgãos do partido ou eleitos para cargos públicos em representação do partido “seja anualmente alvo de comunicação aos membros”.
Também este texto – aprovado com 818 a favor, 259 abstenção e 177 contra – mereceu alguns aplausos no anúncio do resultado.
Entre os temas das moções aprovadas está a sustentabilidade, cultura, justiça, desporto ou até a Defesa Nacional, que recomenda, nomeadamente, que a Comissão Executiva formule propostas políticas no âmbito da Defesa, que passem pela “reestruturação orgânica das Forças Armadas, visando prepará-la para os desafios futuros e promovendo os Recursos Humanos como o seu ativo mais valioso” ou a “nomeação das chefias militares de forma independente e assente em critérios meritocráticos”.
Na moção ‘Europa Liberal’, com as eleições europeias de 2024 em mente, é apelado à futura Comissão Executiva que priorize “o aprofundamento de um discurso europeu” e aprofunde “a sua intervenção no seio” do Partido da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa, ambicionando um papel de liderança nesta força política.
Já no texto ‘Poder local, Iniciativa Liberal’ os subscritores propõem “sensibilizar os membros para a preocupação de desenvolvimento de ações políticas de âmbito local e de proximidade”, produzindo assim “conteúdo para a ação política nacional”, para além de “potenciar ações de formação descentralizada nas freguesias com temas fortes e com potencialidade de aproximação e mobilização”, afirmando um “partido de proximidade”.
ZAP // Lusa