“Não temos defesa possível. Zero. A capacidade da defesa antiaérea em Portugal é nula”, avisa major-general.
Os europeus não falavam tanto sobre sistemas de defesa antiaérea há décadas. A guerra na Ucrânia trouxe essa expressão – entre outras – para as conversas diárias.
Esses sistemas têm sido essenciais no conflito, sobretudo para o país mais atacado, a Ucrânia.
E também têm sido argumento na troca de acusações após ataques aéreos, tal como aconteceu no sábado passado no prédio residencial em Dnipro.
Portugal, em princípio, não deve ser alvo russo. Mas como estamos em relação a sistemas de defesa antiaérea? Não estamos.
Ou melhor, “estamos tramados”, segundo major-general Agostinho Costa.
“Não temos defesa possível, zero. A capacidade da defesa antiaérea em Portugal é nula. Não temos nem nunca tivemos, diga-se de passagem”, avisou o militar, na CNN Portugal.
Como seria de esperar, a Força Aérea é responsável pela defesa antiaérea. Mas há um problema: a Força Aérea não tem mísseis.
“O que temos de defesa aérea são, fundamentalmente, os F-16. Ao nível de mísseis, não temos nem de longo alcance, nem de médio alcance. Temos apenas os stingers do Exército. São meios de defesa aérea de curto alcance, utilizados à vista, quando o operador do sistema faz o lock on do alvo e dispara. No entanto, são normalmente usados para defesa das forças terrestres. Para este caso, não são relevantes”, analisou o major-general.
Agostinho Costa explicou que os navios têm “por natureza” sistemas de defesa antiaérea; mas “servem apenas para a defesa do próprio navio”.
Para criar um sistema de defesa antiaérea, seria preciso gastar muito dinheiro: “Estamos a falar de milhares de milhões e só para proteger a cidade de Lisboa. A capital é, naturalmente, a nossa infraestrutura mais crítica. É onde está o poder político, o Banco de Portugal e outros centros de poder. Se Lisboa fosse atacada, o país ficaria completamente decapitado“.
O ideal, para o major-general, seria Lisboa ter “um grupo de artilharia, com três baterias, para ter redundância. Não basta, no entanto, ter um sistema de longo alcance; temos também de ter um sistema de curto alcance. No Ocidente, bom seria ter os sistemas NASAMS, de médio alcance, na casa dos 40 quilómetros, integrados com os sistemas Patriot, que já têm um alcance de 150, 200 quilómetros. É preciso ter, no fundo, um sistema composto por sistemas.”
Para se ter noção, só para ter uma bateria dos agora famosos mísseis Patriots, seria preciso gastar 926 milhões de euros.
Como, em princípio, o país não é um “alvo a abater”, tem havido pouco investimento na Defesa. Em Portugal e em diversos países europeus: “Temos andado muito distraídos. Foi esta ideia que fez com que uma boa parte dos países da Europa se tenha desarmado e tenha transformado as suas forças armadas numas forças armadas expedicionárias”.
“Nós comprámos 36 carros de combate aos Países Baixos porque Haia entendeu que estes já não eram necessários. Agora não têm nenhum”, recordou.
Em Portugal sempre foram aviões a fazer a defesa aérea. Mas o cenário mudou: “O tipo de ameaça é diferente, o ambiente estratégico mudou. A partir do momento em que surgiram, na Primeira Guerra do Golfo, as munições inteligentes, o paradigma da defesa aérea alterou-se. Nós ainda temos uma Força Aérea direcionada para um conflito como a II Guerra Mundial, em que a única ameaça são aviões”.
Agostinho Costa falou sobre o já mencionado caso de Dnipro para deixar um aviso: os sistemas de defesa antiaérea “têm de ser colocados fora da cidade e não como estamos a ver na Ucrânia, em que os sistemas estão dentro da cidade e depois acontecem dramas como em Dnipro. Quando a batalha é feita sobre a cidade, os mísseis não ficam no ar”, completou.
Se a Europa avançar para a compra de novos equipamentos, deve “reflectir um pouco” porque a guerra na Ucrânia está a ser híbrida e deve ser bem estudada: “Estamos a ver a combater, ao lado de forças regulares, legiões internacionais e empresas militares privadas – esta última uma coisa que nunca tínhamos visto – mas também a aplicação muito intensa de munições inteligentes”.
Então talvez seja melhor não nos metermos em guerras … Que acham da ideia?
Nah! é da maneira k saímos da história com 1 estoiro!