Estudo mostra o desenvolvimento da denominada refrigeração ionocalórica. A base foi o que se atira para uma estrada antes de uma tempestade no inverno.
Se nunca ouviu falar em “refrigeração ionocalórica”, é natural – esse método (ainda) não existe nas nossas casas.
Mas poderá vir a existir, depois de um estudo desenvolvido no Laboratório de Berkeley, EUA, publicado na revista Science.
O princípio-base não é propriamente uma inovação da ciência: atirar sal para uma estrada antes de uma tempestade no inverno, que assim evita a formação de (mais) gelo no solo dessa estrada.
O portal Phys.org resume: esta nova refrigeração aproveita a energia, ou calor, que é armazenada ou libertada quando um material muda de estado, como a mudança de gelo sólido para água líquida.
A fusão de um material absorve calor do ambiente, enquanto a solidificação liberta calor. O ciclo ionocalórico origina esta mudança de estado e temperatura através do fluxo de iões (átomos ou moléculas electricamente carregadas) que vêm de um sal.
Numa mudança de estado, a substância liberta sempre ou absorve sempre energia – seja de estado sólido para líquido, ou líquido para gasoso.
O ciclo ionocalórico utiliza os iões de um sal para executar essas mudanças (ao contrário de outras formas de refrigeração, que manipulam materiais sólidos para que estes absorvam ou libertem calor). As partículas electricamente carregadas transportam energia e, consequentemente, o calor.
O material fica bombeável: facilita a entrada ou saída de calor do sistema – algo que é um problema na refrigeração em estado sólido.
Na prática, os cientistas utilizaram iodeto de sódio e um solvente orgânico comum em baterias: o carbonato de etileno. Quando uma corrente eléctrica é aplicada no sistema, os iões movimentam-se, alterando o ponto de fusão do material. O seu derretimento, então, absorve o calor do ambiente.
Quando o sistema é revertido, os iões são libertados, o material solidifica-se e o calor é devolvido aos arredores.
A experiência conseguiu atingir uma mudança de 25.ºC, aplicando menos de um 1 volt – uma eficácia muito superior a outros ciclos térmicos.
Os responsáveis pela experiência acreditam que o ciclo ionocalórico consegue superar a eficácia dos refrigerantes gasosos encontrados na maioria dos sistemas actuais.
A ideia é utilizar a refrigeração ionocalórica para substituir os sistemas de compressão de vapor, ainda muito utilizado no controlo de temperatura de casas em todo o mundo.
Este método será uma forma de diminuir o aquecimento global. Os responsáveis esperam que esta refrigeração represente mais da metade da energia utilizada em casas.
A refrigeração ionocalórica eliminaria o risco de os gases escaparem para a atmosfera, substituindo-os por componentes sólidos e líquidos. É uma forte alternativa às substâncias refrigerantes que prejudicam o ambiente.
Resumindo: esta técnica pode mudar o mundo, anuncia o portal CanalTech.