O diretor da NASA, Bill Nelson, considera que a China irá reivindicar a Lua como território próprio — se vencer os Estados Unidos na corrida à superfície lunar.
Em entrevista ao Politico, publicada este domingo, o administrador executivo da NASA, Bill Nelson, alertou que a expansão militar chinesa no Mar da China Meridional é um indicador do que pode acontecer na lua.
“É um facto: estamos numa corrida espacial. E é melhor ter cuidado para que eles não tomem posse de território da Lua, a pretexto de uma qualquer pesquisa científica”, diz o diretor da NASA.
Nelson considera que a Pequim poderia apoderar-se de território lunar rico em recursos minerais e mesmo afastar totalmente os Estados Unidos da sua exploração.
Segundo o administrador da agência espacial norte-americana, não é irrealista imaginar que a China possa simplesmente dizer “mantenham-se fora daqui, isto é nosso”.
“Se tem dúvidas, basta ver o que fizeram com as ilhas Spratly”, alerta Nelson. Fotografias aéreas recentes mostram novas instalações militares nas Ilhas Spratly, um arquipélago disputado no Mar da China Meridional, ao largo das costas da Malásia, Filipinas e Vietname, a que os chineses chamam “Mar do Sul da China”.
A NASA completou em novembro a sua missão Artemis 1, que envolveu o voo da nave espacial não tripulada Orion no que foi um ensaio do regresso à Lua dos norte-americanos.
A missão antecede a Artemis 3, que pretende levar astronautas à superfície lunar até 2025 — 50 anos depois das missões Apollo — num esforço conjunto da NASA com a SpaceX de Elon Musk.
“Faço esta pergunta todos os dias: como está a progredir a SpaceX?”, confidencia o diretor da NASA. “Todos os diretores do programa me dizem que está tudo dentro do previsto”.
Mas, alerta Bill Nelson, a China registou “enorme sucesso e avanços” no seu programa espacial na última década.
Pequim concluiu recentemente sua nova estação espacial, Tiangong, e em novembro lançou uma tripulação de taikonautas em direção à estação, e planeia lançar três missões à Lua na próxima década no âmbito do programa Chang’e, .
Recentemente, a agência espacial chinesa CNSA anunciou a descoberta de um novo mineral na Lua, ao qual foi dado o nome de Changesite-(Y) — o sexto mineral encontrado pela humanidade no satélite natural da Terra — que poderá ser usado como fonte de energia nas missões lunares.
De quem é a Lua?
À medida que os programas espaciais de diversos países nos últimos anos apontam os seus radares para a Lua, uma questão tem ganhado cada vez mais importância: a Lua é propriedade de alguém?
Os EUA e a China têm já bandeiras plantadas na superfície da Lua, mas isso não significa que estejam a “marcar território”, e os próprios países reconhecem que não são donos da Lua.
Desde 1967 que existe o Tratado do Espaço Sideral, que se tornou o primeiro documento legal do mundo explicitamente relacionado com a exploração espacial.
O tratado não é um código de conduta. São directrizes e princípios. Mas, pelo meio, um artigo avisa: nenhum país pode reivindicar a propriedade do Espaço, ou de partes partes do Espaço, ou de corpos celestes.
Assim, nenhum país ou empresa tem soberania sobre a Lua. Pelo menos enquanto não se instalar por lá.
Se nos anos 60 foram lá numa lata velha com tecnologia inferior à que qualquer telemóvel é capaz hoje em dia, porque não voltam lá, que mais não seja para “ir marcando território”? Peçam um carro ao Musk e conduzam até lá…