Pedro Nuno Santos despenhou-se com a TAP, mas o seu voo não termina aqui

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Miguel A. Lopes / Lusa

O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.

A demissão de Pedro Nuno Santos não é um adeus; é um até já. O ex-ministro deverá seguir como deputado para o Parlamento e está de olhos postos na liderança do PS.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentou a demissão do Governo esta madrugada. O pedido foi, entretanto, aceite pelo primeiro-ministro António Costa.

A decisão surgiu na sequência da polémica em torno da saída de Alexandra Reis da TAP e a consequente indemnização de meio milhão de euros à agora ex-secretária de Estado do Tesouro.

Também o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, apresentou o pedido de demissão no “seguimento das explicações dadas pela TAP” sobre a saída de Alexandra Reis.

Esta quarta-feira soube-se que Hugo Santos Mendes teve conhecimento do acordo de rescisão alcançado entre a TAP e Alexandra Reis.

A companhia aérea informou o governante sobre a indemnização de 500 mil euros, sendo que Mendes “não viu incompatibilidades entre o mandato inicial dado ao Conselho de Administração da TAP e a solução encontrada”, informa o Ministério em comunicado.

Para Pedro Nuno Santos, a TAP sempre foi um tema frágil. As consecutivas injeções estatais de dinheiro público na empresa foram muito contestadas ao longo do tempo. No total, foram gastos 3,2 mil milhões de euros de fundos públicos na companhia aérea que agora está nas mãos do Estado.

O enfant terrible socialista abandona o Governo sete anos depois de ter chegado, precisamente na semana em que passa o último cheque à TAP. “É simbólico, mas vai com 3 anos de atraso”, escreveu o liberal Carlos Guimarães Pinto, no Twitter.

A verdadeira ambição política

No entanto, apesar de Pedro Nuno Santos ter caído com estrondo, isto não quer dizer que seja o fim de linha para si. No PS, a convicção é que este não é “nem pode ser” o fim da carreira de Pedro Nuno Santos, sabe o jornal Público.

Começando desde já pelo Parlamento. Após se ter candidatado como cabeça de lista por Aveiro, o ex-ministro admite agora assumir o lugar de deputado no Parlamento.

A sua saída acontece com a polémica que menos o fragilizou, acreditam socialistas ouvidos pelo matutino. Mais do que um golpe a Pedro Nuno Santos, este é um duro golpe para o Governo, que sai fragilizado com esta situação.

É também uma dor de cabeça para António Costa, tanto no seu papel como primeiro-ministro como no papel de secretário-geral do PS. O chefe do Governo perde um pilar político e uma ligação determinante à chamada ala esquerda do partido.

E fora do seu lugar como ministro, Pedro Nuno Santos ganha espaço para perseguir a sua real ambição política, que já é conhecida há um bom par de anos. Ainda em 2018, numa entrevista à Antena 1, disse que só lhe faltava ser secretário-geral do partido.

Foi a partir daqui que a relação com António Costa começou a azedar. “Anuncio desde já que não meti os papéis para a reforma”, disse, na altura, o primeiro-ministro e líder socialista. Ainda assim, apesar da apreensão de Costa, o enfant terrible foi merecendo a sua confiança, sendo promovido a ministro.

Há, no entanto, quem desconfie que este terá sido um presente envenenado de António Costa. A pasta das Infraestruturas e da Habitação está recheada de temas complicados, desde a TAP aos comboios e à questão dos aeroportos.

Agora, António Costa tem pela frente quatro anos sem o seu único crítico interno, embora a saída de Pedro Nuno Santos possa criar uma maior divisão entre o PS. “A influência do ‘pedronunismo’ não acabou com a demissão”, escreve o Expresso. “E há congresso previsto para 2023”.

Daniel Costa, ZAP //

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13 Comments

  1. Ponham os cronometros a 0, e depois verifiquem, dou 1 mesito (estou a ser generoso) ate este tipo arranjar um tacho no governo ou numa empresa publica, aguardemos as cenas dos proximos capitulos.

  2. Mais um … é só incompetência? Ou será aguardar por melhor oportunidade (tacho) na hora certa?
    Vamos seguir os próximos capítulos desta novela PS, Gozam indecentemente com quem trabalha e paga impostos.

  3. A mediocridade dos governantes não é hoje, vem de há muito tempo, mas por cada dia que passa vai-se agudizando e já começa a não haver medíocres que queiram ir para o governo e só mesmo a ‘porcaria-porcaria’ é que ainda estará disposta a isso… ou será que ultimamente já tinham começado a entrar na governação e eu é que ainda não tinha dado por isso?

  4. ” Pedro Nuno Santos ganha espaço para perseguir a sua real ambição política, que já é conhecida à(!!) (há – de existe !) um bom par de anos. “

  5. Lá anda o “Eu” com o problema do analfabetismo fascista. É compreensível, só estudou depois do 25/4.
    A questão é saber como é que um ministro que nunca liderou nada na vida e andou sempre a reboque dos acontecimentos, não só na TAP como em todas as empresas polémicas, (efacec incluída) , pode ter ambição de liderar mais, seja o que fôr?

  6. Este palhaço foi o tal que disse que se não pagássemos as dívidas, os alemães ficavam com as pernas a tremer. No berloque é que ele devia estar. Ou no grupelho PCP. Ou noutro ainda mais à esquerda. Nem que ele se pinte de todas as cores, o meu voto nunca o apanhará. Nós, cá por baixo, parece-nos que ele tem capacidade para resolver todos os problemas das infraestruturas e o Diabo a sete. É uma cambada de incompetentes. Quantas coisas deste género acontecerão noutras empresas públicas (nossas) e o Zé Pagante nem lhe dá o cheiro??

  7. Mal iria Portugal se alguma vez tivesse esta personagem sinistra a comandar os seus destinos. Este alienado, pelos desastres que tem protagonizado, cavou a sua sepultura política, face ao entendimento global de um povo.

  8. É o que dá os partidos, admitirem pessoas em lugares de destaque, que nunca trabalharam; a não ser, terem estudado e ganharem alguma teoria. Está visto que não é a mesma coisa. Pois para se governar seja o que for tem de se ter na prática muito trabalho, e dar provas de que sabe o valor do dinheiro, para assim se poder investir o dinheiro do estado e ter a consciência de que esse dinheiro é de todos nós. Por essa razão essas pessoas, tambem tem de ser responsabilizadas, quando não sabem ou não se preocupam com a coisa pública.

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