Na Grécia Antiga, quando as estátuas foram esculpidas, os pénis mais pequenos eram vistos como mais desejáveis do que os maiores.
Se dedicarmos algum do nosso tempo a olhar para os pénis e testículos das antigas estátuas gregas, um pensamento pode atravessar-nos a mente: porque é que todos parecem ter órgãos genitais mais pequenos do que o homem médio de hoje?
Embora os escultores da Grécia e Roma antigas não tivessem dúvidas quanto a retratar a nudez, a verdade é que as atitudes do público mudaram ao longo dos anos, como um historiador concluiu quando foi confrontado com uma gaveta cheia de pénis arrumados no Museu Britânico.
“Ao pesquisar informações para o meu livro, The Erotic Arts […], pedi permissão para examinar as várias coleções sobre erotismo no Museu Britânico”, lembrou o professor de História da Arte na Universidade de Middlesex, Peter Webb, numa carta endereçada ao The Guardian.
“No Departamento Grego e Romano, foi-me mostrado o Museum Secretum, e entre os artigos fascinantes estava uma seleção de pénis de mármore. Fui informado de que estes tinham sido retirados das esculturas clássicas por curadores do século XIX, de modo a torná-los adequados para exposição pública”.
Webb ofereceu-se generosamente para restaurar os pénis aos seus proprietários, mas foi recusado.
“Mais tarde descobri que este cuidado era uma regra aplicada noutros países. O ‘David’ de Miguel Ângelo recebeu uma folha de figo de mármore no início do século XVI, que só foi removida em 1912. Felizmente, as folhas de figueira foram utilizadas com mais frequência do que martelos por B, e muitas delas foram agora removidas, deixando buracos de na zona púbica”.
Mas por que razão utilizavam uma folha de figueira relativamente pequena para esta zona? Tal também tem as suas raízes na mudança de valores – nomeadamente que quando muitas estátuas da Grécia Antiga eram feitas, os pénis mais pequenos eram vistos como mais desejáveis do que os maiores.
“A Grécia Antiga era uma cultura altamente masculinista“, explicou a fotógrafa Ingrid Berthon-Moine, que criou uma série em que capturou imagens de testículos de estátuas antigas, ao Hyperallergic. “Eles favoreciam os genitais ‘pequenos e esticados‘, em oposição aos grandes órgãos sexuais, para mostrar auto-controlo masculino em matéria de sexualidade. Hoje em dia, os utilizadores modernos como no comércio, cinema e publicidade converteram-no numa mercadoria de massa que fala de dominação e desejo, o tamanho importa e quanto maior, melhor“.
A historiadora de arte Ellen Oredsson acrescentou sobre o mesmo tópico que as pessoas com pénis maiores eram vistas como “tolas, lascivas e feias“, enquanto o dramaturgo grego antigo Aristófanes escrevia sobre os traços masculinos ideais como “um peito cintilante, pele brilhante, ombros largos, língua minúscula e nádegas fortes”.
Tal como ressalva o IFL Science, os pénis não cresceram ao longo dos anos, mas estes já não são considerado pouco atrativo quando grandes, assim como a sua exibição em contextos públicos. Muito menos sem folhas a tapar.
É para o Putin não se sentir envergonhado.