Independentemente dos setores, todos os salários perdem para a inflação

Diferença entre setor público e privado tem como justificação possível o facto de os aumentos na Função Pública serem baseados nos valores da inflação do ano anterior.

A subida generalizada dos preços nos mais variados bens essenciais está a provocar um aumento dos custos de vida que não está a ser acompanhada pelos salários, mesmo considerando os mais variados setores de atividade. De acordo com os dados anunciados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), correspondentes aos valores médios das remunerações auferidas pelos portugueses, a tendência iniciada no final do ano passado manteve-se no terceiro trimestre de 2022.

Segundo a mesma fonte, o salário médio em termos nominais até dá mostras de crescimento, mas este não é suficiente para compensar a subida que se tem registado nos preços. No que respeita aos salários reais, o indicador que revela o quanto se pode comprar com essa verba, estes continuaram no terceiro trimestre a cair abruptamente face ao ano passado.

Em termos totais, a remuneração bruta mensal média por trabalhador fixou-se, em setembro, em 1353 euros, um valor que é 4% mais alto do que o registado no mesmo mês do ano passado, escreve o Público. No entanto, considerada a inflação, os salários, em termos reais, diminuíram significativamente: cerca de 4,7% em relação ao ano passado.

Por se tratarem de números genéricos, há ainda diferenças consideráveis escondidas, sobretudo entre setores e áreas de atividade. Por exemplo, uma diferença significativa é observável nos setores público e privados, já que no primeiro a variação homóloga da remuneração média bruta em termos nominais foi de 2%, ao passo no segundo foi de 4,6%. Novamente, e no que diz respeito ao indicador que realmente importa (em termos reais), as perdas acontecem nos dois lados: 3,9% no setor privado e 6,5% no público.

De acordo com a mesma fonte, uma explicação possível para os valores mais negativos no setor público será, ao contrário do que acontece em muitas empresas do setor privado, não está a ocorrer uma adaptação dos salários à nova realidade de subida dos preços. Isto acontece, por exemplo, porque o aumento salarial de tabela em 2022 foi de 0,9%, um valor baseado na inflação do ano passado.

Finalmente, é ainda possível descobrir diferenças entre áreas de atividade, com os aumentos salariais a serem mais significativos em áreas como a educação, atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares e nas atividades de informação e de comunicação. No entanto, muitas vezes as subidas não são suficientes para compensar o efeito da inflação e verificam-se perdas reais nas remunerações médias.

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