As urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) recebem diariamente pessoas que, mais do que tratamento, precisam de comida – e também companhia em outros casos. O fenómeno é regular em todo o país, mas no Norte é menos notório.
Há quem simule problemas de saúde nas urgências dos hospitais do SNS para ter acesso a uma refeição gratuita. O fenómeno é relatado pelo Expresso que abordou várias fontes hospitalares que falam destes “habituais frequentadores” que procuram comida e não tratamento.
É algo que não é novo, nem envolve muitas pessoas, “mas é regular”, assinalam profissionais do SNS ouvidos pelo semanário que aponta que a região Norte está “aparentemente menos exposta”.
“Não se queixam directamente de fome”
São utentes que “fazem queixas gerais e sem gravidade e tendem a permanecer em observação até à distribuição de comida, seja almoço ou jantar”, aponta uma fonte ao Expresso.
No Hospital de Portalegre, “estão identificados, pelo menos, três casos que uma a duas vezes por mês recorrem a esse ‘expediente’. Normalmente vêm à hora de almoço e antes de terem alta pedem uma refeição“, destaca um profissional desta unidade ao jornal.
Em Castelo Branco, também há esses casos de pessoas que procuram “uma pequena alimentação quente enquanto aguardam pelo atendimento, exame ou tratamento”.
“De forma geral, os utentes habituais frequentadores das urgências, nomeadamente sem-abrigo, não se queixam directamente de fome“, destaca uma fonte do Hospital de São José, em Lisboa, contando ao Expresso que referem “problemas dermatológicos ou dores corporais, por exemplo, quase sempre sem gravidade, e há igualmente relação estreita com alcoolismo”.
“São casos sociais significativos na área da cidade que é servida pelo Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central e aos quais se procura dar resposta, ainda que não estejamos vocacionados para este tipo de assistência”, acrescenta a mesma fonte.
Também no Hospital de Beja, estes casos são sinalizados para o serviço social do hospital que “procura soluções nas instituições da comunidade ou junto dos serviços sociais da área de residência”.
“Têm medo de estar sozinhos”
Mas também há casos de utentes que procuram simplesmente companhia nas urgências.
“Temos a clara noção de que há doentes que aqui vêm para alimentação e companhia. Fazem queixas que não o são verdadeiramente e vão ficando”, relata ao Expresso um enfermeiro do Hospital Amadora-Sintra.
“Alguns são doentes crónicos e até já os conhecemos. Vêm porque têm medo de estar sozinhos e alguns, já com pedidos para vagas em cuidados continuados ou lares, até pedem para ficar internados até serem chamados”, refere ainda a enfermeira-chefe da urgência do Hospital Amadora-Sintra, Maria Luísa Ximenez.
Não é de agora! já era noutro tempo! eu vi várias vezes estas situações, até dormem dentro da sala de espera do hospital! e muitas vezes alguém paga o que eles comem! é uma caridade justa!
Na era da comunicação não deixa de ser irónico, apesar de trágico.
É uma evidência do Portugal pobre.
Pouco falta para de novo recorrer-mos a sopa do Sidónio !