Aos 82 anos, Annie Ernaux torna-se a 17.ª mulher a vencer o Nobel da Literatura. A Academia elogia a sua escrita que “examina uma vida marcada por fortes disparidades em relação ao género, linguagem e classe”.
O prémio Nobel da Literatura 2022 foi atribuído à escrita francesa Annie Ernaux, anunciou hoje a Academia Sueca. A galardoada não esteve contactável durante a manhã e não foi informada de que tinha vencido antes do anúncio oficial.
“Com grande coragem e acuidade clínica, Annie Ernaux revela a agonia da experiência de classe, descrevendo a vergonha, a humilhação, o ciúme ou a incapacidade de ver quem se é, conseguindo algo admirável e duradouro”, descreve o júri da Academia.
Annie Ernaux nasceu em 1940 e cresceu na pequena cidade de Yvetot, na Normandia. Estreou-se na escrita em 1974, tendo já publicado mais de 30 obras, tendo a mais recente saído este ano, relata a CNN Portugal
“Na sua escrita, a vencedora do Prémio Nobel 2022 da literatura, Annie Ernaux, de forma consistente e de diferentes ângulos, examina uma vida marcada por fortes disparidades em relação ao género, linguagem e classe. Annie Ernaux acredita manifestamente na força libertadora da escrita. O seu trabalho é intransigente e escrito em linguagem simples, límpida”, acrescenta o júri.
As obras de Arnaux são publicadas em Portugal pela editora Livros do Brasil, que tem disponíveis os livros “Uma Paixão Simples” (1991), “Os Anos” (2008, vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional) e “Um Lugar ao Sol” (1984, vencedor do Prémio Renaudot).
O nome da escritora tem estado sempre na calha quando são atribuídos grandes prémios literários e a possibilidade de vencer o Nobel ganhou mais notoriedade após a publicação de “O Acontecimento“, em 2000, que tem conta a história de uma estudante que faz um aborto ilegal em França em 1964, antes da sua legalização. A obra é baseada na própria experiência de vida de Arnaux.
O livro foi adaptado ao cinema pela realizadora francesa Audrey Diwan, tendo o filme vencido o Leão de Ouro de melhor filme, o prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 2021.
Para além do Novel, a escritora também já venceu vários outros prémios, como o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021).
Aos 82 anos, Annie Ernaux torna-se a 17.ª mulher a vencer o Nobel da Literatura. A última mulher a receber o prémio foi Louise Glück, em 2020, sendo que a presença feminina nestes prémios tem aumentado nos últimos anos.