Há idosos que ficam esquecidos mais de um ano nos hospitais

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Em hospitais do Porto e de Lisboa há casos de idosos que ficaram mais de um ano à espera de respostas. Sem condições para voltarem a casa, utentes ocupam centenas de camas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo um levantamento do Jornal de Notícias, esses idosos – normalmente com poucos recursos e sem retaguarda familiar – ficam internados meses a fio sem necessidade, por falta de vaga em lar ou em cuidados continuados. Além de ficarem expostos a infeções, congestionam os internamentos e sobrecarregam o SNS.

No Hospital de Braga estavam internados, no final de agosto, 33 utentes a aguardar vaga em cuidados continuados, 11 em lar residencial e um em situação de abandono familiar e com processo de maior acompanhado em curso.

“O número de doentes nestas circunstâncias [45] condiciona as vagas de internamento disponíveis para o tratamento de doentes agudos”, referiu a unidade, adiantando que tem recorrido a camas em unidades externas.

No mesmo período, no Hospital de S. João, no Porto, estavam internados 24 doentes por questões sociais, dos quais 21 à espera de resposta em estrutura residencial para idosos, um em lar e outros três em centro de acolhimento em emergência social. Em média, ficam 61 dias à espera de resposta. O caso mais grave foi de um utente que ficou 495 dias internado sem necessidade clínica.

“Em geral, assiste-se a uma deterioração cognitiva e ao aumento do risco de infeções nosocomiais, que torna mais difícil a reinserção social”, indicou o S. João. O hospital defende estratégias integradas que “respondam de forma urgente, ao invés da manutenção de respostas compartimentadas”. E resumiu: “a sociedade não está a tratar os idosos com dignidade”.

No Hospital de Gaia, estavam internados 20 utentes e no Hospital Pedro Hispano havia, no final de agosto, “27 situações de protelamento de alta por motivo social”.

Os números não incluem os doentes à espera de cuidados continuados. Portanto, só para resposta em lar ou serviço de apoio ao domicílio da Segurança Social, a espera média em Matosinhos é de 100 dias.

No Centro Hospitalar Lisboa Norte, que integra o Hospital de Santa Maria, havia, no final de agosto, 30 doentes a aguardar resposta social, dos quais 23 em camas de retaguarda. Esperam em média 43 dias, mas o hospital já manteve uma idosa internada 745 dias, a aguardar despacho do Ministério Público.

No Centro Hospitalar Lisboa Central, que integra o S. José, a área de apoio social acompanha em média 30 doentes por mês internados por razões exclusivamente sociais. O hospital apontou o caso de um doente que teve alta clínica em dezembro de 2020, mas só saiu do hospital em março deste ano.

Nos primeiros sete meses deste ano, o Centro Hospitalar do Médio Tejo – hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas – teve 47 doentes com alta protelada por motivos sociais (sem incluir as propostas para os cuidados continuados).

ZAP //

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