O ex-chefe de segurança do Twitter, Peiter Zatko, disse na terça-feira, no Congresso dos Estados Unidos (EUA), que a rede social possui defesas cibernéticas fracas que colocam em risco a privacidade dos seus utilizadores.
“Estou aqui hoje, porque a direção do Twitter está a enganar o público, os congressistas, os reguladores e até mesmo o seu próprio conselho de administração”, declarou o especialista em segurança cibernética, citado pelo Jornal de Notícias, ao apresentar-se no Comité Judiciário do Senado para prestar declarações.
“Eles não sabem que dados têm e de onde vieram e, portanto, sem surpresa, não podem protegê-los. Não importa que tem as chaves se não houve fechaduras”, indicou, frisando que “a chefia do Twitter ignorou os seus engenheiros” porque os “seus incentivos executivos levaram-nos a priorizar o lucro sobre a segurança”.
Zatko foi chefe de segurança daquela rede social até ser demitido, no início de 2022. Em julho, apresentou uma denúncia ao Congresso norte-americano, ao Departamento de Justiça, à Comissão Federal de Comércio e à Comissão de Valores Mobiliários.
O especialista acusa o Twitter de violar o acordo da Comissão Federal do Comércio (FTC) de 2011, ao alegar falsamente que havia adotado medidas para proteger a segurança e a privacidade dos utilizadores, referindo ainda “falhas sistémicas básicas” apresentadas por engenheiros da empresa que não foram abordadas.
De acordo com Zatko, a FTC está muito atrás das suas contrapartes europeias no policiamento do tipo de violação de privacidade que ocorreu no Twitter.
As alegações do especialista podem afetar a tentativa do dono da Tesla, Elon Musk, de desistir da sua proposta de 44 mil milhões de dólares (cerca de 44 mil milhões de euros) para comprar a rede social. Musk afirma que o Twitter subnotifica ‘bots’ de spam e cita isso como uma razão para anular o acordo de abril deste ano.
O Twitter considerou a descrição de Zatko de “uma narrativa falsa (…) repleta de inconsistências e imprecisões” e sem contexto importante.