Uma mulher com olfato hiper-sensível ajudou investigadores da Universidade de Manchester a criar um teste para detetar a doença de Parkinson.
De acordo com um comunicado de imprensa da Universidade de Manchester, novas pesquisas sugerem que as pessoas com a doença de Parkinson têm lípidos com um peso molecular elevado, significativamente mais ativos.
A investigação incluiu um grupo de amostra de 79 pessoas com Parkinson, em comparação a um grupo de controlo saudável de 71 pessoas.
Os investigadores utilizaram cotonetes para recolher amostras dos participantes, passando-as ao longo da nuca e identificando os compostos presentes com espectrometria de massa.
O método combina a separação da mobilidade iónica com a espectrometria de massa por pulverização de papel e pode ser realizado em três minutos desde o esfregaço até aos resultados, avança o Interesting Engineering.
“Estamos bastante entusiasmados com os resultados, que nos deixam mais perto de criar um teste diagnóstico de Parkinson que possa ser usado na clínica”, explicou Perdita Barran, professora na Universidade de Manchester e autora principal da investigação, publicada a 7 de setembro no Journal of the American Chemical Society.
O estudo foi inspirado por Joy Milne, uma mulher de 72 anos da Escócia que tem Hiperosmia, uma condição hereditária que lhe dá sensibilidade acrescida aos odores.
A doença rara de Milne permitiulhe reparar num odor estranho no seu marido, Les, aos 33 anos. 12 anos depois, o homem foi diagnosticado com Parkinson.
“A mulher que cheira Parkinson“, como passou a ser chamada, contou a Tilo Kunath, da Universidade de Edimburgo, sobre a alteração do cheiro após o diagnóstico do seu marido ter sido confirmado.
Desencadeou assim um procedimento que permitiu a criação de um teste de esfregaço, por investigadores da Universidade de Manchester.
Intrigados com sua capacidade, os cientistas decidiram investigar o que mais é que Milne conseguia cheirar e se esta condição poderia ser aproveitada para ajudar a identificar pessoas com condições neurológicas.
Os investigadores estão entusiasmados com a possibilidade do NHS (serviço nacional de saúde do Reino Unido) poder utilizar um teste simples para a doença, mesmo que a investigação ainda esteja na sua fase inicial.
Parkinson é a condição neurológica que cresce mais rápido, e pode causar vários sintomas, tais como dificuldade em andar, falar e tremores. Infelizmente, ainda não existe uma cura disponível, mas alguns métodos de tratamento ajudam a aliviar os sintomas e a manter a qualidade de vida.
Também não existe um método definitivo para diagnosticar Parkinson. Portanto, o diagnóstico é baseado nos sintomas e na história médica dos pacientes.
O esfregaço de pele pode ser implementado para desenvolver um diagnóstico mais rápido, se for bem sucedido fora das condições laboratoriais.
“Neste momento, desenvolvemos o teste num laboratório de investigação, e estamos agora a trabalhar com colegas em laboratórios analíticos dos hospitais para transferir o nosso teste para eles, para que possa funcionar num ambiente do NHS”, salientou Barran, em entrevista à BBC.
“Esperamos dentro de dois anos poder começar a testar pessoas na área de Manchester”, concluiu o investigador.