Um estudo piloto inovador a nível mundial testa implantes cerebrais para parar de comer.
Os investigadores implantaram cirurgicamente um dispositivo no cérebro de dois pacientes obesos que sofriam de problemas de alimentação excessiva.
Os resultados deram esperança para que no futuro os implantes possam gerir uma série de comportamentos impulsivos. O dispositivo foi criado para identificar e bloquear os sinais cerebrais ligados aos desejos alimentares.
Este estudo foi realizado pela Perelman School of Medicine da Universidade da Pensilvânia (UPenn) e foi publicado em agosto deste ano no Nature Medicine.
Segundo os investigadores da UPenn, um pequeno dispositivo deteta a atividade cerebral relacionada com o desejo de comer numa região cerebral chave e que responde estimulando eletricamente essa mesma região.
O ensaio clínico revelou-se muito promissor em dois pacientes com distúrbios alimentares.
Os pacientes foram acompanhados de perto durante um período de seis meses.
De acordo com os investigadores, os dispositivos pareciam estar a funcionar como esperado, sem efeitos secundários aparentes. Ambos os pacientes registaram diminuições significativas na frequência dos episódios de consumo excessivo, bem como uma diminuição das sensações de estar fora de controlo.
Durante os seis meses seguintes, cada paciente perdeu, em média, mais de 5 kg, sem qualquer dieta específica.
Consumo excessivo é muito comum
A equipa da UPenn explica que o distúrbio alimentar em excesso é considerado o mais comum nos EUA, afetando alguns milhões de pessoas.
Envolve frequentemente episódios de alimentação compulsiva e está frequentemente ligada à obesidade.
O desejo de comer determinadas refeições ocorre devido a episódios de desordem alimentar excessiva.
Num estudo de 2018, utilizando ratos e humanos, Harpern e os seus colegas descobriram evidências de que a atividade elétrica específica de baixa frequência no núcleo acrobático surge pouco antes destes episódios, mas não antes de comerem regularmente e sem comer em demasia.
Segundo o Interesting Engineering, os cientistas ativaram o núcleo de acusação em ratos, com o objetivo de travar esta atividade, e descobriram que consumiam substancialmente menos do que noutras circunstâncias.
Porém, mesmo que esta investigação aponte para um futuro em que os implantes cerebrais possam ser capazes de controlar comportamentos impulsivos como a alimentação excessiva, ainda há muito trabalho a ser feito antes dos investigadores perceberem efetivamente como o conseguir.
Serão, para isso, procurados novos participantes para este estudo em curso a fim de aperfeiçoar esta tecnologia.