O número de pessoas envolvidas em acidentes rodoviários com vestígios de consumo de droga subiu de 581 em 2017 para 698 em 2021. A canábis e o álcool são a combinação mais usada.
Há cada vez mais portugueses a morrer na estrada devido ao consumo de drogas. 76 pessoas que foram autopsiadas em 2021 pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), cerca de 15% do total de 494, tinham vestígios de substâncias psicotrópicas.
Estes valores traduzem-se num aumento de 33% e 17% face a 2017 e a 2020, respetivamente, lembra o JN. O número de pessoas envolvidas em acidentes que consumiu drogas também subiu, passando de 581 em 2017 para 698 em 2021.
O teor médio de THC (o componente que afeta o cérebro) na canábis, que é a droga mais usada com conjugação com o álcool, também é 33% superior em relação a 2016, estando a substância mais potente.
Portugal não é o único país europeu a registar um aumento neste problema de segurança rodoviária. Uma fonte da Comissão Europeia da área dos Transportes revela ao JN que a condução sob o efeito de drogas “está a aumentar” entre os 27 e que as drogas com “THC (canábis) e benzodiazepinas (presentes em medicamentos para tratar a ansiedade e insónias) são as mais observadas”
O Governo criou um grupo de trabalho em outubro de 2019 com o objetivo de criar propostas para se mudar a lei tendo em vista um reforço à fiscalização e às sanções aplicadas aos condutores apanhados a conduzir sob o efeito de drogas.
De acordo com Manuel Cardoso, subdiretor geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), esta matéria é “difícil de legislar” devido aos vários efeitos diferentes que cada substância pode ter, o que dificulta a criação de indicadores gerais, como há no caso do álcool.
Também ainda é possível detetar a presença de canabinoides no sangue “consumidos há 24 ou há 48 horas” e ainda não há provas científicas que permitam a criação de um valor limite legal para o consumo de droga quando se conduz.
