Marias de novo na moda, Cátias já foram

california_bakery / Flickr

-

Os nomes próprios obedecem a modas e a ciclos e a variedade é tão grande que em 2013 foi registada uma mulher Bi e um homem Nino, mas as 4490 Marias mostram que a tradição ainda manda.

Sandra Monteiro, conservadora adjunta da Conservatória dos Registos Centrais do Instituto dos Registos e Notariado, ainda assim não tem dúvidas de que a escolha dos nomes “é cíclica” e influenciada até por telenovelas, explicou à Lusa.

E para provar que é uma questão de modas também está a lista dos nomes mais populares em 2013: Maria foi o mais escolhido, com 4490 casos, seguindo-se Matilde, com 1942 casos.

“Em 1987 praticamente não havia novas pessoas com o nome Matilde”, disse a conservadora dos Registos Centrais, Lurdes Serrano,

Segundo a conservadora, a lei permite um nome próprio, que deve definir o sexo, mais quatro apelidos, e mais dois por casamento – civilmente são estes os reconhecidos, embora os registados pela Igreja possam ser mais.

De acordo com Sandra Monteiro, em Portugal estão actualmente na moda nomes mais compridos e grafias antigas, como Meirelles ou Menezes.

“Há tanta gente a mudar de Melo para Mello… mas para mudar, tem de provar que Mello é apelido da família”, diz Sandra Monteiro.

Lurdes Serrano dá ainda outra explicação: nomes muito curtos estiveram no passado associados a pessoas “sem passado e sem família, ilegítimas e enjeitadas”.

E lembra que nos séculos XVIII e XIX existia a chamada “Roda dos Expostos“, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um cilindro giratório nas portas de mosteiros e conventos onde eram deixados recém-nascidos, porque de famílias sem recursos, porque fruto de ligações ilegítimas, porque encontrados abandonados.

A essas pessoas sem nome, algumas acompanhadas de sinais deixados pelas famílias, a pensar que um dia os voltariam a procurar, era-lhes atribuído um nome próprio e depois um segundo nome, normalmente o nome de um santo.

Hoje já não há “Roda dos Expostos” mas, se há uma tendência para grandes nomes, a tradição prevalece ainda quer mulheres quer nos homens.

Os nomes mais populares

O ano passado o nome masculino mais escolhido foi o de João (1867), logo seguido de dois nomes muito na moda: Rodrigo (1841) e Martim (1715).

Os seguintes nomes mais escolhidos também reflectem a tendência actual nos homens: Francisco, Santiago e Tomás.

Nas mulheres, depois de Maria e Matilde, surgem Leonor, Mariana e Carolina.

Cátia, que esteve na moda há uns anos, teve apenas 16 registos em 2013, o dobro das Adelaides, quatro vezes mais do que Sorayas.

Ainda se registaram nomes como Liércia, Laurícia, Desejada, Águeda ou Arsénia, entre outros nomes de origem estrangeira.

Nos homens registaram-se mais Cristianos (72) do que outros mais comuns como  Sérgio, Mário ou Vítor.

Ronaldos foram apenas seis, ainda assim o dobro do nome Yannick ou Aníbal.

No fim da tabela, com apenas um registo, estão essencialmente nomes estrangeiros, mas também alguns bem portugueses, como Sidónio, Bartolomeu ou Anastácio.

Mas que não esmoreçam, porque há 30 anos as Matildes e os Rodrigos também andariam por aqui.

/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.