Foi criado um evento no Facebook para promover a primeira ação de limpeza, agendada para quinta-feira na Graça e cerca de 50 pessoas que assinalaram na rede social prever pôr mãos à obra.
Um grupo de cidadãos de Lisboa prepara-se para contribuir na limpeza das ruas da cidade, para alertar os responsáveis políticos e sensibilizar a população relativamente ao problema do lixo, com a primeira ação na quinta-feira no bairro da Graça.
“As pessoas sentem bastante indignação pelo estado a que as ruas chegaram e é importante percebermos que já não estamos a falar só do nível de sujidade, mas sim de insalubridade“, afirmou Ana Reis, responsável pela organização das ações de limpeza pela cidade de Lisboa, referindo-se ao surgimento de ratazanas e baratas. O lixo acumulado junto aos ecopontos, além do impacto visual, “é um ninho de produção de pragas e de maus cheiros“, acrescentou.
Como moradora atenta no bairro lisboeta da Graça e insatisfeita com a acumulação de lixo, sobretudo quando se verifica “uma pressão turística tão grande”, Ana Reis partilhou a sua preocupação com alguns amigos. Decidiram que deveriam “fazer alguma coisa para mudar isto” e surgiu a ideia de organizar ações de limpeza, em que todos os cidadãos interessados podem participar, de forma voluntária e não remunerada.
Foi criado um evento no Facebook para promover a primeira ação de limpeza, agendada para quinta-feira na Graça, local escolhido meramente por uma questão de proximidade e não por se considerar que esteja mais sujo do que outros bairros da cidade, ressalvou a moradora, contabilizando cerca de 50 pessoas que assinalaram na rede social prever pôr mãos à obra.
Este grupo de cidadãos tem já previsto outras ações, nomeadamente em Arroios e em Santa Maria Maior, em princípio com um intervalo de 15 dias entre cada iniciativa, adiantou Ana Reis, em declarações à agência Lusa, referindo que “isto tem um impacto ínfimo numa sociedade tão grande” e que, para que o problema do lixo se resolva, tem de existir “interesse por parte dos representantes políticos em mudar”.
“Se quisermos que haja uma mudança radical na forma como encaramos a limpeza da cidade e o nosso comportamento como cidadãos, tem de haver uma campanha igualmente séria para sensibilizar as pessoas”, defendeu, fazendo o paralelismo com a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, em que “houve inúmeras campanhas de sensibilização e uma fiscalização feita de forma bastante intensa”.
Ana Reis considerou que o problema do lixo “é estrutural” e “está intimamente ligado com a falta de recursos humanos para a limpeza e para a recolha, mas também ligado com a pressão turística”. Há ainda uma outra parte associada à falta de civismo, que considera que “não é responsabilidade total da população”.
“Em relação ao lixo, não tem havido suficientes campanhas de sensibilização, nem de fiscalização. As pessoas sentem-se à vontade para deixar os dejetos dos animais no chão, porque não acontece nada. Sentem-se à vontade para mandar as beatas para o chão, porque não acontece nada. Sentem-se à vontade para abandonar o lixo onde lhes parece mais conveniente, porque não acontece nada”, declarou a moradora, apontando para uma dupla responsabilidade por parte das autoridades, que faz com que quem não tem uma atitude cívica também se sinta “verdadeiramente impune”.
Alertar as entidades responsáveis, inclusive os políticos na Câmara Municipal de Lisboa e nas 24 juntas de freguesia da cidade, e sensibilizar a população para o problema do lixo são os principais objetivos das ações de limpeza, em que os cidadãos se disponibilizam a dar o seu tempo para apanhar lixo e varrer as ruas “apenas pela vontade de viver num espaço mais agradável”.
“Há uma vontade da nossa parte de mostrar que cidadãos ativos podem ser um bom exemplo. Não queremos aqui ser bons samaritanos, nem nada disso, mas mostrar que a democracia precisa de todos nós e que, para as coisas funcionarem em comunidade, todos temos de estar despertos, ativos e mostrar que podemos fazer alguma coisa para melhorar, sem querermos em momento algum substituirmo-nos aos funcionários“, referiu a representante.
Os cidadãos interessados em participar devem comparecer no espaço A Voz do Operário – Espaço Educativo da Graça e levar material de limpeza, nomeadamente vassouras, pás, luvas e sacos do lixo. A organização prepara um mapa com as ruas mais sujas, inclusive para, caso haja grande adesão, poder dividir as pessoas por zonas, e foi contactada a Junta de Freguesia de São Vicente para apoiar na recolha final do lixo apanhado.
// Lusa
Uma “luta” perdida… o cinto de segurança só se usa por causa das multas na maioria das situações, enquanto a impunidade e irresponsabilidade não forem multadas, tudo continuará como sempre. Bom trabalho!
… Bem podiam começar na Assembleia da Républica … ! … Há lá muito ´lixo´ para limpar … ! …