Há quase 20 milhões de pessoas em situação de pobreza nas metrópoles brasileiras

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Mário Oliveira / SEMCOM

O número de pessoas em situação de pobreza nas metrópoles brasileiras saltou para 19,8 milhões em 2021, registando o maior nível em dez anos, cenário potenciado pelo corte do auxílio emergencial, pela subida da inflação e pela retoma insuficiente do mercado de trabalho.

De acordo com o 9.º Boletim Desigualdade nas Metrópoles – que analisa estatísticas das 22 principais áreas metropolitanas do país -, citado pelo Público, o número de pobres representa agora 23,7% da população total dessas regiões. Em 2020, esse número estava em 16 milhões.

Segundo os responsáveis pelo boletim, a chegada da pandemia, em 2020, agravou as dificuldades no combate à pobreza que já se sentiam em 2015. O salto da pobreza em 2021 pode ser associado à recuperação incompleta do mercado de trabalho, inflação e retirada do auxílio emergencial no início desse ano – entretanto retomado.

Em valores médios de 2021, a linha de pobreza foi de aproximadamente 465 reais per capita por mês [cerca de 88 euros], enquanto a de pobreza extrema ficou em cerca de 160 reais per capita por mês [cerca de 30 euros].

O boletim mostrou que o número de pessoas em pobreza extrema chegou a 5,3 milhões nas regiões metropolitanas no ano passado – 6,3% da população -, um acréscimo de 1,6 milhões face a 2020.

As regiões metropolitanas com as maiores taxas de pobreza em 2021 foram Manaus (41,8%) e Grande São Luís (40,1%), as duas únicas acima de 40%. Já os locais com os menores resultados foram Florianópolis (9,9%) e Porto Alegre (11,4%).

No caso da pobreza extrema, Recife (13%) e Salvador (12,2%) registaram os valores mais elevados. Florianópolis (1,3%) e Cuiabá (2,4%) apareceram na outra ponta, com os índices mais baixos.

Em São Paulo, entre 2014 e 2021 o número local de pobres quase duplicou, passando de cerca de 2 milhões para 3,9 milhões – a taxa de pobreza pulou de 9,5% para 17,8%. Já o grupo em pobreza extrema saltou de 381,4 mil em 2014 para 1,03 milhões em 2021. A taxa aumentou de 1,8% para 4,7% da população total.

“No Rio de Janeiro, o número de pessoas em extrema pobreza também é de quase 1 milhão [336,1 mil em 2014 e 926,8 mil em 2021]. É como se tivéssemos uma metrópole extremamente pobre dentro de São Paulo ou Rio”, apontou Marcelo Ribeiro, investigador do Observatório das Metrópoles e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que também é coordenador do estudo.

O boletim é produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), pelo Observatório das Metrópoles e pela Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). A nova edição utiliza dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) contínua com recorte anual.

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