O jovem que planeou um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) disse que, parte de si, “está feliz por ter sido apanhado”.
Num interrogatório em março, João disse que só queria voltar para casa. O jovem está no Hospital Prisional de Caxias, onde permanece em prisão preventiva. É agora acusado de dois crimes de terrorismo e um crime de detenção de arma proibida.
“Parte de mim está feliz, aliviado por ter sido apanhado. Por não ter feito aquilo”, confessou João, citado pelo jornal Público. No entanto, realçou que “há muitas partes que querem diferentes coisas”.
As perícias que lhe foram feitas descartam a inimputabilidade. Os especialistas argumentam que a situação em que se enquadra “não corresponde a qualquer sintoma psicótico, antes a um mecanismo de adaptação de tipo imaginativo, de natureza escapista”.
João já quase não socializava com ninguém e mantinha uma espécie de relacionamento amoroso com uma personagem de animação violenta chamada Gavrill. O mundo real misturou-se com o fictício.
Essa realidade alternativa “seguramente estava presente aquando da alegada prática dos factos, mas não os terá determinado de forma impositiva e para além do controlo”, defendem os peritos.
Os psiquiatras forenses que analisaram João consideram que, caso o jovem venha a ser condenado, não deverá ir para a cadeia, mas sim ser internado num estabelecimento destinado a inimputáveis.
Os peritos defendem que o regime dos estabelecimentos prisionais comuns ser-lhe-ia prejudicial, dado que necessita de tratamento e reabilitação.
“Estou sempre a pensar em matar pessoas”, escrevia o jovem, antes de ser apanhado. “Fui a uma loja e vi um martelo em exposição. Nessa secção só estava uma criança com a mãe. Pensei em esmagar-lhes a cabeça”.
“Se eu fosse brutalmente esfaqueado seria épico”, escreveu ainda, apesar de reconhecer que a sua saúde psicológica não estava no melhor estado: “Na verdade deveria ir a um psiquiatra, mas esses sítios são uma seca”.
