Afinal, ao contrário do que se pensava, fósseis do “Berço da Humanidade”, na África do Sul, podem ser um milhão de anos mais velhos.
Já foram encontrados tantos ossos de australopitecos no sistema de grutas de calcário de Sterkfontein, a nordeste de Joanesburgo, na África do Sul, que o local foi apelidado de “Berço da Humanidade”.
Uns dos exemplos mais conhecido são “Mrs. Ples”, um esqueleto quase completo de um Australopithecus africanus com uma idade entre 2,3 e 2,8 milhões de anos; e mais recentemente “Little Foot”, um fóssil de mais de 3 milhões de anos de um antepassado humano.
Agora, novas técnicas de datação sugerem que os restos humanos datam de quase há 4 milhões de anos, tornando-os ainda mais antigos do que a famosa “Lucy”, o australopiteco que viveu há 3 milhões de anos e que morreu depois de fraturar vários ossos ao cair de uma altura de 12 metros.
De acordo com a ScienceAlert, isto significa que os restos humanos dos antepassados encontrados em Sterkfontein podem ser um milhão de anos mais velhos do que se pensava anteriormente.
“Sterkfontein tem mais fósseis de australopitecos do que qualquer outro lugar do mundo”, disse o geólogo e geofísico Darryl Granger, da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos.
“Mas é difícil conseguir uma boa data para eles. As pessoas olharam para os fósseis de animais encontrados perto deles e compararam as idades das características das cavernas […] e obtiveram uma série de datas diferentes. O que os nossos dados fazem é resolver estas controvérsias. Mostra que estes fósseis são antigos — muito mais antigos do que pensávamos originalmente”, acrescentou Granger.
As estimativas anteriores para a idade de Sterkfontein foram baseadas na idade da chamado “flowstone” — depósitos de calcita ou outros minerais de carbonato formados onde a água flui pelas paredes ou ao longo dos pisos de uma gruta. Estas estimativas apontavam para uma idade entre 2 e 2,5 milhões de anos.
O problema é que flowstone pode formar-se sobre sedimentos mais antigos. Este pode ter sido o caso em Sterkfontein, significando que as grutas podem ser mais velhas.
Assim, em vez de examinarem a flowstone ou outros ossos encontrados nas proximidades, a equipa de investigadores examinou a rocha na qual os restos do australopiteco foram incorporados. Os autores observaram dois isótopos raros no quartzo: alumínio-26 e berílio-10.
“Estes isótopos radioativos […] são produzidos por reações de raios cósmicos de alta energia perto da superfície do solo, e o seu decaimento radioativo data de quando as rochas foram enterradas na caverna quando caíram na entrada juntamente com os fósseis”, explicou Granger num comunicado citado pela EurekAlert.
Desta forma, a equipa concluiu que os sedimentos que contêm australopitecos datam entre 3,4 e 3,7 milhões de anos atrás.