Um novo estudo realizado com bebés de 8 meses sugere que estes julgam mais do que se esperava os comportamentos a que assistem. Durante um ato de violência, por exemplo, focam mais a sua atenção no agressor do que na vítima.
Segundo um artigo publicado recentemente na Nature Human Behaviour, citado pelo Science Alert, durante a experiência em questão os personagens eram eliminados do ecrã do computador consoante os bebés fixassem neles o olhar. Concluiu-se que os bebés eliminaram mais vezes o personagem correspondente ao agressor.
Alguns psicólogos indicam que o olhar fixo é sinal de punição. Contudo, como os bebés não se conseguiam expressar em palavras, os autores não podem afirmar que pretendiam punir o agressor. A sua atenção também pode ser uma expressão de cautela ou uma expectativa de que o agressor receba uma consequência pela ação.
Embora a tomada de decisão em crianças pré-verbais seja extremamente difícil de medir, devido à limitação na comunicação, um estudo de 2011 já havia revelado que crianças de até 19 meses são capazes de julgar comportamentos. Noutra pesquisa, de 2013, constatou-se que bebés de pouca idade conseguem distinguir o agressor da vítima em situações de violência, comportamento pelo qual demonstram aversão.
“A moralidade é uma parte importante, mas misteriosa, do que nos torna humanos”, explicou o psicólogo Yasuhiro Kanakogi, da Universidade de Osaka, no Japão, referindo: “Queríamos perceber se o julgamento está presente numa idade muito jovem, isso ajudaria a compreender se a moralidade é aprendida” ou inerente.
Nesta pesquisa recente, os bebés ficavam sentados em frente aos ecrãs, nos quais eram apresentados dois personagens animados. Os movimentos dos seus olhos eram rastreados durante o exercício e, se olhassem por tempo suficiente para um personagem, este era eliminado.
Em seguida, foi mostrado aos bebés um vídeo de um dos personagens a bater no outro. No final, foram-lhes apresentados os dois personagens lado a lado. Com o sistema de rastreamento de olhar, os bebés eliminaram significativamente mais agressores do que vítimas.
A experiência foi repetida várias vezes, com diferentes variações. As descobertas, em última análise, sugerem que crianças pequenas julgam e punem mais rapidamente do que se pensava interações sociais violentas.
“Os resultados foram surpreendentes. Descobrimos que bebés pré-verbais escolheram punir o agressor, fixando o seu olhar” na sua direção, referiu Kanakogi.