Os antigos romanos podem ser os culpados do declínio das focas mais raras do mundo. A Madeira é casa de alguns espécimes sobreviventes.
A foca-monge-do-Mediterrâneo ou lobo-marinho (Monachus monachus) é a foca mais rara do mundo e uma espécie considerada em perigo pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Em Portugal, exista unicamente nas Ilhas Desertas e na ilha da Madeira.
O Governo Regional da Madeira iniciou, em 1988, o seu programa para a conservação do lobo-marinho na região o que incluiu a proteção legal das Ilhas Desertas, em 1990.
A espécie começou o seu declínio populacional há milénios, possivelmente devido ao surgimento de antigas civilizações humanas. Existem atualmente apenas algumas centenas em populações isoladas.
Estudos anteriores mostraram que têm baixa variação genética, deixando-as suscetíveis a doenças e outras ameaças. No entanto, ficou por perceber como é que esta espécie de focas tinha chegado a este ponto de fragilidade.
Para chegar ao cerne da questão, a equipa de investigadores da Universidade Paul Sabatier, em França, recolheu ADN de amostras de pele, pelo, fezes e ossos de 383 focas-monge, tanto de populações atuais quanto extintas.
Surpreendentemente, escreve a New Scientist, os autores não detetaram sinais de declínio populacional durante grandes perturbações climáticas há 20.000 anos. A morte em massa de focas em Cabo Blanco, na década de 1990, também não mostrou ser significativo para a perda de variação genética.
Pelo contrário, muitas populações de focas-monge diminuíram para um décimo do seu tamanho original ou menos entre 800 aC e 600 dC. Este período coincide com o surgimento de civilizações, como o Império Romano.
Os antigos romanos são já conhecidos por terem tido efeito semelhante noutras espécies. Neste caso, a caça de focas para carne e óleo poderá ter reduzido a diversidade genética dos animais, notam os autores.
Os resultados do estudo foram pré-publicados, no início do mês, no repositório online bioRxiv.