Uma mancha de luz que se pensava ser uma galáxia distante pode, na realidade, ser o pulsar mais brilhante alguma vez detetado fora da Via Láctea.
O chamado PSR J0523-7125 e localizado a cerca de 160.000 anos-luz da Terra na Grande Nuvem de Magalhães — galáxia satélite que orbita a Via Láctea — é o pulsar duas vezes mais maior do que qualquer outro pulsar da região, e 10 vezes mais brilhante do que qualquer outro pulsar conhecido, para além da nossa galáxia.
O objeto é tão grande e brilhante que os investigadores pensaram inicialmente que fosse uma galáxia distante. No entanto, um novo estudo publicado a 2 de maio no Astrophysical Journal Letters sugere que este não é o caso.
Através do radiotelescópio australiano ASKAP (Square Kilometer Array Pathfinder) na Austrália Ocidental, os autores do estudo observaram o Espaço através de um par especial de “óculos de sol” que bloqueiam todos os comprimentos de onda da luz, exceto para um tipo específico de emissão associada a pulsares.
Quando o PSR J0523-7125 apareceu brilhante e claro nos resultados, a equipa de investigação percebeu que não estava a olhar para uma galáxia, mas sim para o cadáver pulsante de uma estrela morta, segundo a Live Science.
“Esta descoberta foi surpreendente”, afirmou Yuanming Wang, autor principal do estudo e astrofísico da Organização de Investigação Científica e Industrial da Commonwealth da Austrália (CSIRO).
“Não esperava encontrar um novo pulsar, quanto mais o mais brilhante. Mas com os novos telescópios a que agora temos acesso, como o ASKAP e os seus óculos de sol, é realmente possível”, explicou.
Os pulsares são altamente magnetizados, com restos de estrelas a girar rapidamente. Ao rodarem, fluxos de ondas de rádio saem dos seus polos, pulsando como feixes de luz, à medida que essas ondas de rádio piscam em direção à Terra.
As ondas de rádio emitidas pelos pulsares são diferentes de muitas outras fontes de luz cósmica, na medida em que podem ser polarizadas circularmente — ou seja, o campo elétrico da luz pode rodar em círculo, à medida que se propaga para a frente.
Esta polarização única pode ajudar os astrónomos a compreender melhor a distinção entre os pulsares de outras fontes de luz distantes.
No novo estudo, a equipa utiliza um programa de computador que filtra fontes de luz circularmente polarizadas, a partir de uma seleção realizada pelo ASKAP de candidatos a pulsares.
A equipa descobriu que a suposta galáxia PSR J0523-7125 estava a emitir luz polarizada circularmente, o que significa que se deve tratar de um pulsar.
Os pulsares são normalmente pequenos, o que significa que o objeto deve estar muito mais próximo, e muito mais brilhante, do que os investigadores pensavam.
De facto, se este pulsar se esconde na Grande Nuvem de Magalhães, então é o pulsar mais brilhante alguma vez encontrado fora da Via Láctea.
Este brilho excecional explica porque é que o objeto foi inicialmente identificado como uma galáxia, de acordo com os investigadores.
“Devemos esperar encontrar mais pulsares através desta técnica“, concluiu Tara Murphy, co-autora do estudo. “Esta é a primeira vez que conseguimos procurar a polarização de um pulsar de uma forma sistemática e rotineira”.
Os ET’s virem aí, fujem, kralho.