A região sul de Moçambique foi hoje declarada livre de minas terrestres, após o fim das operações de limpeza na província de Inhambane, disse à Lusa o diretor do Instituto Nacional de Desminagem.
“Cumprimos hoje todas as operações de desminagem em Inhambane”, afirmou Alberto Maverengue, o que significa que, depois da província de Gaza, em 2013, e de Maputo, já este ano, todo o sul de Moçambique está livre de minas.
As atenções do Instituto Nacional de Desminagem serão dirigidas para a região centro, nas províncias de Manica, Tete e Sofala, mantendo-se o prazo de terminar as operações até ao fim do ano em todo o território moçambicano.
Segundo Alberto Maverengue, falta desminar uma área correspondente a cerca de cem hectares (cerca de cem campos de futebol), a maioria no distrito de Chibabava, no sul de Sofala, onde o Instituto Nacional de Desminagem pretende concentrar a maior parte da sua capacidade.
“Se tudo correr bem, até ao fim do mês terminamos Tete e em dezembro Manica e Sofala”, disse à Lusa o diretor do Instituto, acautelando que os prazos podem derrapar se houver chuvas antecipadas.
“A chuva é boa para a agricultura, mas é o nosso maior inimigo“, afirmou.
A campanha de desminagem em Sofala foi atrasada devido à crise militar que opôs o exército e a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, durante 17 meses nesta província e que só terminou oficialmente com o acordo de cessação de hostilidades, assinado por ambas as partes em 05 de setembro.
O Governo e a Renamo garantiram que, durante o período da confrontação, não plantaram novas minas terrestres e que todos os engenhos ainda ativos remontam ao período da guerra civil, travada pelos mesmos protagonistas durante 16 anos, até ao Acordo Geral de Paz em 1992.
Moçambique está vinculado à convenção internacional de erradicação de minas terrestres e Maputo acolheu em junho a conferência de revisão do tratado, que apontou 2025 como prazo para a desminagem total em todo o mundo.
Moçambique era um dos cinco países mais minados do mundo, juntamente com Angola, Bósnia, Afeganistão e Camboja, e deverá ser o primeiro deles a declarar o seu território livre destes engenhos explosivos.
Dados hoje divulgados pela Agência de Informação de Moçambique (AIM) indicam que, em Inhambane, foi desminada uma área de cerca de 650 hectares nos últimos 16 anos, tendo sido desativadas 570 minas e outros engenhos explosivos, além de 12 mil munições de vários calibres.
/Lusa