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Até há pouco tempo, jogar em casa era uma vantagem quase certa. Mas a tendência está a mudar

Alexandre Vidal / Flamengo

Cientistas destacam o efeito psicológico que os jogos em casa podem ter quer para jogadores quer para árbitros.

Antigamente era correto dizer, pelo menos do ponto de vista estatístico, que as equipas de desporto que jogavam em casa tinham vantagem sobre os seus adversários.

Durante décadas, esta tendência manteve-se, ao ponto de os cientistas se dedicarem a estudar os vários fatores que poderiam ter influência nessa vantagem — a qual é visível nos desportos individuais e coletivos, mas também ao nível universitário ou profissional.

No entanto, algo parece estar a mudar, já que a vantagem de jogar em casa parece estar a desaparecer, sobretudo nos desportos profissionais.

Para perceber esta evolução, o Discover enumerou uma lista com um conjunto de fatores que devem ser analisados, a qual partiu de conclusões estabelecidas por cientistas de todas as disciplinas, desde estatísticos a psicólogos sociais e desportivos.

As causas fundamentais, determinadas pelos investigadores, podem envolver fatores relacionados com as viagens que os atletas têm que efetuar, algumas das quais prejudiciais ao seu desempenho.

No entanto, o apoio das claques da equipa da casa — esmagadoramente vista como uma força psicológica — é visto como a maior vantagem no campo da casa e está diretamente ligada ao declínio nos dias de hoje.

Contrariamente e embora tenha sido muito discutido pelas equipas como um fator adicional, os investigadores prontamente descartaram a familiaridade com o campo ou o corte — apelidado de “fator de aprendizagem” — como uma questão que poderia alterar o resultado de um jogo. Ainda assim, há excepções.

Entretanto, os “factores de viagem”, tais como os efeitos físicos do voo e as mudanças de fuso horário, foram considerados como contribuindo para a vantagem de jogar “em casa”.

Mas os cientistas acabaram por descobrir que o “fator claque” — ou seja, o apoio da multidão em casa — é a principal razão para a vitória em casa. Talvez surpreendentemente, não está em causa a energia do público ou o volume dos seus aplausos.

Os estudos sugerem que o entusiasmo dos adeptos é uma motivação positiva para os jogadores da equipa da casa, mas tal ambiente também traz consigo uma energia negativa conhecida como o fator “custo do fracasso“: o medo da equipa da casa de perder em casa (e o ridículo que se pode seguir) pode motivar os jogadores a concentrarem-se em evitar o fracasso em vez de “lutar pela vitória”.

Além disso, há pesquisas que mostram que os jogadores tendem a ter um desempenho mais fraco quando os seus adeptos esperam o sucesso.

O elemento chave aqui — e o que deu origem ao declínio mais recente da vantagem do campo em casa — é a influência que os adeptos da casa parecem ter sobre os árbitros.

De facto, as análises estatísticas mostram que os árbitros ou juízes tendem a decidir a favor da equipa da casa e contra os visitantes em níveis muito mais elevados.

Na mesma linha, os árbitros podem ser o maior elemento que contribui para a vantagem da equipa da casa na sua origem.

Os psicólogos que estudaram a análise dizem mesmo que a influência que as claques têm sobre os árbitros é subconsciente, não intencional. Ou seja, não se trata de uma conspiração, mas simplesmente uma consequência de ser humano.

Os investigadores também concluíram que muitas destas decisões tendem a ocorrer nos momentos mais decisivos dos jogos.

ZAP //

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