Pode a extrema-direita tomar o Eliseu? Perante o empate técnico com Le Pen, Macron apela ao voto da esquerda

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Eric Feferberg / EPA

Antecipa-se uma repetição do duelo de 2017 entre Macron e Le Pen em França

Le Pen tem subido nas sondagens na última semana ao criticar a resposta do Governo à crise de inflação. Macron tem apostado em conquistar os votos da esquerda para travar a rival de extrema-direita.

Apesar da maioria das sondagens darem uma vitória a Emmanuel Macron nas presidenciais de França, Marine Le Pen tem encurtado bastante a diferença nas últimas semanas, apostando em promessas de combate à inflação e à perda do poder de compra dos franceses.

Desde o último fim de semana, a candidata de extrema-direita começou a subir dos cerca de 20% onde estava presa nas sondagens e o actual Presidente tem vindo a perder terreno, estando geralmente já abaixo dos 30% das intenções de voto.

Numa sondagem noticiada ontem pela estação televisiva BFMTV, Macron merece a confiança de 26% dos inquiridos, e Le Pen consegue 25%, com os dois em empate técnico. Um outro inquérito para a rádio RTL dá na mesma 26% a Macron, mas 23% para Le Pen e, no geral, as sondagens não costumam mostram uma diferença maior do que 3% entre os dois candidatos.

Uma sondagem da empresa brasileira Atlas Intel chega até a dar a vitória a Le Pen numa provável segunda volta, com Macron a ficar-se pelos 49,5% enquanto que a adversária consegue contra 50,5%.

No terceiro lugar e muito provavelmente já fora da segunda volta, encontra-se Jean-Luc Melénchon, cujas intenções de voto andam em torno dos 17%. O candidato da França Insubmissa é a maior esperança da esquerda, mas ainda não deve ser desta que um candidato desta família política vai voltar ao Eliseu.

Perante a aproximação de Le Pen nas sondagens, Macron já partiu ao ataque numa entrevista ao Le Monde, acusando a rival de mentir aos eleitores e de ter um “programa racista” que vai “dividir a sociedade de uma forma brutal”.

Por sua vez, Le Pen prometeu no seu último de comício de campanha, esta quinta-feira, que um voto em si é um voto que faz “ganhar o povo”.

O chefe de Estado francês também acredita que a subida recente de Le Pen se explica por ter estado focado na guerra na Ucrânia e ter negligenciado inicialmente a campanha eleitoral.

Macron aproximou-se mais à direita durante o mandato, com o corte nos impostos aos mais ricos, a reestruturação do sistema de pensões que fomentou os protesto dos coletes amarelos, ou as restricções contra a comunidade muçulmana, por exemplo, com a proibição do uso dos véus islâmicos em público.

Esta aproximação levou até a que o Presidente francês sugasse o eleitorado à Republicana Valérie Pécresse, mas este está agora a mudar de estratégia e a tentar piscar o olho à esquerda, que, numa segunda volta entre Macron e Le Pen, fica sem um candidato da sua veia política e pode decidir o vencedor.

Macron promete alargar as medidas de apoio às famílias perante os aumentos dos preços da electricidade e dos combustíveis e sugere também que as grandes empresas sejam obrigadas a repartir os lucros com os funcionários.

Sobre as acusações de ter governado demasiadamente à direita, Macron nega. “Com o que fizemos na educação e nos hospitais, não creio que fosse uma agenda de direita”, refere.

Para além do voto importante do eleitorado da esquerda, antecipa-se ainda uma abstenção elevada e acima do normal para as presidenciais francesas, o que pode também ser um factor decisivo no resultado.

Resta-nos esperar para ver se os franceses vão apostar na continuidade de Macron ou se preferem uma viragem ainda mais à direita com Le Pen, com a primeira volta marcada para este domingo e a segunda para 24 de Abril.

Adriana Peixoto, ZAP //

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6 Comments

  1. Os políticos europeus bem têm trabalhado para esta situação! Guerras, metem o nariz em terras que nada nos dizem respeito procurando impor “democracia” nesses países com mentalidades totalmente diferentes da nossa, resultado, milhões de refugiados dentro das nossas fronteiras e incapazes de se integrar e parte deles vivem à custa dos nossos impostos, este é um dos problemas que afetam vários países europeus, mas que os políticos tentam fazer de conta que nada percebem, depois vem uma série de libertinagem que ocupam muito esses políticos na sua defesa esquecendo-se da verdadeira segurança e valores de que a maioria dos cidadãos tão discriminalizados não estão dispostos a abdicar. Globalização desmedida, foi outro tiro no pé em que a pandemia e agora a criminosa guerra na Ucrânia vêm dar relevo a quanto temos andado por maus caminhos. Precisamos de políticos mais responsáveis e mais bem preparados que estes, tipo frango de aviário não nos levam a bom porto.

  2. MARCHONS – E até hoje , MARCHONS, MARCHONS, MACRON, MACRON ||| A França não marcha, não avança… Há muito tempo parada, estagnada como lodo no pântano, Quando voltará a ser a França líder na Europa ? Potência maior a tesar o Império Britânico nas armas, artes e na política mundial na época dos Capetos | O REI SOL, dá saudades. Quanta desilusão em vê-la invadida, vilipendiada, servindo de quartel-general para a cúpula nazista ; dispondo aos invasores as suas raparigas para os cabarés e alcovas . Ah! mas, tem presença no Conselho de Segurança da ONU; faz parte do G7 ; e e cabeça de chave na UE. Mas, não tem força para decidir, e é preciso a segurar na ” bengala!” dos maiorais: Estados Unidos, Reino Unido, etc. Diante dessa fase outonal é melhor se apoiar em uma MULHER experiente, que faça a GÁLIA voltar aos tempos áureos. VIVA LA FRANCE !!!! É o qe pensa , joaoluizgondimaguiargondim. [email protected] ……………………………………………… –

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