Pedro Filipe Soares deixou uma frase que pode ficar na memória de muitos, após a tomada de posse do novo Governo.
“Estou farto de brincadeiras. Fui sequestrado, já duas vezes. Já chega. Não gosto de ser sequestrado, é uma coisa que me chateia, pá”.
Palavras de José Pinheiro de Azevedo, no final de 1975. Na altura, Pinheiro de Azevedo era primeiro-ministro.
Nesta quarta-feira, mais de 46 anos depois, muitos portugueses terão recordado estas declarações famosas, por causa de Pedro Filipe Soares.
O líder parlamentar esteve presente na tomada de posse do novo Governo e deixou uma nova frase no ar: “Hoje é o dia de tomada de posse; não nos parece que seja aceitável que este seja o dia de sequestro de um primeiro-ministro de um Governo”.
“Inaugurar o modelo de um primeiro-ministro sequestrado, no dia da tomada de posse, não faz sentido”, disse o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, que aparentemente não concordou com o aviso de Marcelo Rebelo de Sousa, sobre uma eventual saída de António Costa para cargos europeus, a meio deste mandato.
“O primeiro-ministro não pode ter desculpas para não cumprir o seu mandato. Com maioria absoluta, espera que possa responder ao que não foi respondido até agora. Aguardaremos pelo programa do Governo e pela governação”, afirmou Pedro Filipe Soares.
Deputados únicos
Inês de Sousa Real, do Pessoas-Animais-Natureza, afirmou que Marcelo “não poderia ter sido mais directo nas suas preocupações, que são mais do que razoáveis”.
“Este Governo tem de ser, não de mera continuidade, mas de reformas para o país. Devemos sobretudo quebrar os ciclos de pobreza e de violência, sobretudo contra as mulheres”, apelou.
Inês fica à espera para ver se o governo do Partido Socialista “vai ser um governo de diálogo, ou nem por isso”.
Rui Tavares, do Livre, não quis comentar o aviso de Marcelo a Costa e centrou-se num pedido: “Um salto no desenvolvimento”
Este mandato pode servir para que Portugal possa “dar um salto no seu modelo de desenvolvimento e possa estar na vanguarda na União Europeia”, analisou Rui Tavares.
O deputado lamentou o facto de, no seu discurso, o primeiro-ministro não ter dito “praticamente nada sobre a Europa”.
Pelo menos um representante de cada partido com assento parlamentar falou, no Palácio Nacional da Ajuda, local da tomada de posse. Só não falou qualquer deputado do Partido Comunista Português, que voltou a não estar representado na cerimónia da tomada de posse de um Governo.