“Chega de palavras, é tempo de agir”. É, desta forma, que o presidente da Federação Polaca de Futebol (FPF) anuncia que a Selecção não quer jogar na Rússia, no play-off de acesso ao Mundial de 2022, depois de o país ter invadido a Ucrânia.
O jogo devia disputar-se a 24 de Março próximo, mas a Polónia recusa-se a jogar na Rússia.
“Não podemos fingir que não está a acontecer nada”, salienta o capitão da Selecção polaca, Robert Lewandowski, do Bayern de Munique.
Assim, o avançado considera que o boicote ao jogo é “a decisão certa”.
It is the right decision! I can’t imagine playing a match with the Russian National Team in a situation when armed aggression in Ukraine continues. Russian footballers and fans are not responsible for this, but we can’t pretend that nothing is happening. https://t.co/rfnfbXzdjF
— Robert Lewandowski (@lewy_official) February 26, 2022
O guarda-redes polaco Wojciech Szczesny, que joga na Juventus, também já disse que a sua “consciência” não o deixaria jogar na Rússia.
“Recuso-me a entrar em campo, a usar as cores do meu país e a ouvir o hino nacional da Rússia”, escreve o atleta de 31 anos no seu perfil do Instagram.
A mulher de Szczesny é ucraniana e ele faz questão de realçar que há “sangue ucraniano a correr pelas veias” do seu filho, que parte da família “ainda está na Ucrânia” e que “muitos dos [seus] trabalhadores são ucranianos e excelentes pessoas”.
“Ver o sofrimento nos seus rostos e o medo pelo seu país faz-me perceber que não posso ficar parado e fingir que nada aconteceu”, escreve ainda.
“No momento em que Putin decidiu invadir a Ucrânia, ele declarou guerra não apenas à Ucrânia, mas a todos os valores que a Europa defende“, acrescenta, referindo a “liberdade”, a “independência” e “acima de tudo, a paz”.
Assim, Szczesny salienta que se recusa a participar “num evento desportivo que legitima as acções do governo russo“, apelando à FIFA e à UEFA para “agirem e responsabilizarem a Federação Russa”.
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A Suécia e a República Checa juntaram-se à Polónia no apelo à FIFA para que o play-off do Mundial 2022 não se dispute naquele país. Suecos e checos podem também ter de defrontar os russos neste play-off.
As três Selecções notam que não tencionam viajar para a Rússia perante a “escalada militar que estamos a observar” que “implica consequências sérias e uma considerável perda de segurança para as equipas”, aponta a carta enviada à FIFA pelas Federações dos três países.
O vencedor do jogo entre a Rússia e a Polónia defrontará o vencedor do Suécia-República Checa a 29 de Março.
Jogador ucraniano despedido do Zenit da Rússia
Vários jogadores ucranianos pelo mundo têm declarado o seu apoio ao país natal, mas no caso de Rakitskyy isso saiu-lhe caro. O atleta que costuma ser titular no Zenit de São Petersburgo foi despedido depois de publicar no Instagram uma mensagem com a bandeira do seu país e as palavras “Paz na Ucrânia”, “Fim à guerra” e “Sou ucraniano”.
O Zenit é detido pela empresa estatal de energia russa Gazprom e é o clube pelo qual Putin torce.
Entretanto, há atletas ucranianos que se mostram dispostos a ir lutar pelo seu país, como é o caso de Vasyl Kravets, lateral-esquerdo do Sporting de Gijón, de Espanha.
“Quero ir para a guerra e ajudar o meu povo”, disse Kravets numa entrevista à Rádio Marca, salientando que está disposto a isso, embora não saiba “atirar”, nem “recarregar uma arma”.
“Sou jogador de futebol, não sei atirar, mas se a Ucrânia precisar, eu vou“, sublinhou, notando que é “a obrigação no coração dos ucranianos”.
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Todos que temos que assumir as consequências dos nossos atos, e Putin não é exceção.