Depois da hecatombe das legislativas, o CDS saiu das paredes da Assembleia. Virar da página é já hoje

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Mário Cruz / Lusa

Um carpinteiro após remover a placa do grupo parlamentar do CDS-PP na Assembleia da República

O CDS vai reunir-se, esta noite, em Conselho Nacional para analisar o resultado obtido nas eleições legislativas e marcar o congresso para o início de abril.

Esta quinta-feira, um funcionário do Parlamento aproximou-se da entrada da sala que o CDS ocupava no Andar Norte, com um pequeno saco branco na mão. Munido de uma chave de fendas, foram precisos poucos segundos para retirar a placa que indicava que aquele era o espaço dos centristas.

Já não é. A sala é entregue agora ao Chega, mas o momento simbólico da despedida foi eternizado por duas câmaras de televisão e duas máquinas fotográficas.

“Grupo Parlamentar do Partido Popular (CDS/PP) – Presidente”, lia-se na placa dourada, que já não mora na Assembleia.

Depois da hecatombe das legislativas, é hora de virar a página. Acontece já esta noite, com um Conselho Nacional que visa não só analisar os resultados eleitorais, como marcar o congresso para o início de abril. Em jogo está a sobrevivência do partido, que abandona o hemiciclo 47 anos depois.

Francisco Rodrigues dos Santos demitiu-se na sequência do desaire. Até agora, o único candidato à liderança é Nuno Melo, que se tem mantido em silêncio.

Um dos apoiantes do candidato disse ao Público que o momento não é de “quezílias”, mas sim de “olhar em frente”. A vontade de Nuno Melo é a de que “quanto menos [o Conselho Nacional] for de culpabilização interna melhor”.

Que o CDS é um partido dividido, há muito se sabia. De um lado, a direção de Rodrigues dos Santos que é assumidamente crítica do portismo; do outro, os filhos políticos de Paulo Portas.

Pedro Melo, vice-presidente do partido, entende que as “frases assassinas dos conselhos nacionais” são um dos motivos que ajudam a explicar o resultado de 30 de janeiro, assim como o surgimento de dois novos partidos no mesmo espaço político.

“Não concordo com as pessoas que se apressaram a dizer que o partido tinha morrido. Acho insultuoso para autarcas que foram eleitos e para os militantes que exercem funções nos governos regionais”, disse o dirigente, ao diário, sublinhando que é importante que o partido faça um esforço em prol da unidade interna.

O objetivo máximo de quem vier a ocupar o trono centrista é unir o partido.

Esta noite, por volta das 19 horas, o órgão máximo entre congressos dos centristas vai reunir-se extraordinariamente, na sede nacional do partido, em Lisboa, ao contrário das reuniões dos últimos quase dois anos que juntaram os conselheiros remotamente via plataformas eletrónicas.

Da ordem de trabalhos consta a análise ao resultado eleitoral nas legislativas, o pior do CDS-PP e que ditou a perda de representação na Assembleia da República.

O CDS obteve 1,6% dos votos e, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, ficou sem representação parlamentar, depois de na última legislatura ter uma bancada de cinco deputados.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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