Kiko Huesca / EPA

Pedro Sánchez, líder do PSOE
Falta de entendimento entre os dois principais partidos espanhóis já mereceu críticas da opinião pública.
A polémica em torno da votação que garantiu a aprovação, em Espanha, de uma reforma laboral por apenas um voto já chegou aos tribunais, mais precisamente ao Tribunal de Instrução nº 47 de Madrid. Em causa está o voto de Alberto Casero, deputado do Partido Popular, que argumenta ter enfrentado dificuldades técnicas no momento da votação e que o “sim” que acabou por expressar não corresponde à sua verdadeira escolha.
Segundo o auto da queixa, citado pela Europa Press, o procurador responsável pela instrução refere que a decisão foi pedida por um particular à Guarda Civil, no sentido de esta requisitar o computador onde o deputado exerceu o seu direito de voto. Entretanto, a votação renhida, e respetivo resultado, já serviram para algumas trocas de argumentos e acusações entre os dous principais partidos políticos espanhóis – e não só.
Pablo Casado, líder do Partido Popular, falou esta sexta-feira em “fraude” à constituição, ao passo que Adriana Lastra, vice-secretária-geral dos socialistas espanhóis, acusou a oposição de ter comprado dois deputados da União do Povo Navarro, que votaram contra o projeito, apesar de terem dado garantias ao Governo de Pedro Sánchez de que iriam votar favoravelmente. “Houve aqui um caso de vira-casacas político e falta saber o preço que pagou o PP”, disse a dirigente socialista. O voto dos dois deputados, não fosse o erro de Casero, teria significado o chumbo da proposta.
O Congresso espanhol foi também palco de troca de acusações. O PP, por seu turno, argumenta que a socialista Meritxell Batet, presidente da câmara, se recusa a responder aos protestos e insiste em validar um resultado erróneo. Já a mesa do Congresso garante que não houve qualquer erro informático.
“O que ontem [quinta-feira] vivemos é um atropelo democrático aos direitos dos representantes políticos”, disse Pablo Casado, citado pelo Público, e acusando o PSOE de “contrariar a vontade de um deputado para aprovar pela porta de trás um decreto”. Adriana Lastra retorquiu, dizendo que os populares “estão a exagerar no teatro para não falar do que é importante, a reforma laboral”, aconselhando a direção do principal partido da oposição a “ensinar os seus deputados a votar telematicamente”.
Apesar de toda a polémica, a importância da reforma é inegável, já que as medidas que a integram, e a sua implementação, constituem uma das metas acordadas com Bruxelas para que Espanha possa receber uma das suas tranches referentes ao Programa de Recuperação e Resiliência.