Apesar da crescente incidência de casos, números apontam para uma estabilização, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo.
O aparecimento da variante Ómicron, associada a uma maior transmissibilidade, levou a um aumento exponencial dos casos de covid-19 nas semanas que se seguiram ao Natal, um comportamento da pandemia que muitos especialistas já antecipavam e que em tudo se assemelhava ao que aconteceu no ano passado. De forma a evitar os cenários mais dramáticos vividos precisamente em 2021, o Governo implementou medidas para restringir os contágios, a começar pelas chamadas semanas de contenção, nas quais o teletrabalho passou a ser obrigatório e o início das aulas presenciais nos ciclos de estudos obrigatórios foi adiado retardado.
Estas alterações, juntamente com a campanha eleitoral, trocou as voltas a especialistas em saúde pública e matemáticos, que previram o pico da chamada quinta vaga, inicialmente, para meio de janeiro, depois para o final e ainda para fevereiro. No entanto, são cada vez mais os que admitem a possibilidade de o pior já ter passado, uma visão corroborada pela Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto Doutor Ricardo Jorge no relatório conjunto de “linhas vermelhas“.
O documento descreve que Portugal tem ainda uma atividade epidémica de elevada intensidade, apesar de existir um “claro sinal de desaceleração da incidência e uma possível formação de um pico”, o que poderá indiciar uma descida do número de casos em breve. Os sucessivos estudos académicos apontam para uma menor gravidade da variante Ómicron, mas nem assim a SARS-CoV-2 deixa de ter impacto na mortalidade em Portugal ou na pressão nos serviços de saúde, aponta o relatório.
Atualmente, Portugal regista 60,7 óbitos por milhão de habitantes, a 14 dias, o que corresponde a um aumento de 16% relativamente à semana anterior (52m,), ou seja, está-se perante uma tendência de crescimento. Já no que respeita ao número de infeções, acontece o contrário, com a incidência de casos com uma “intensidade muito elevada e uma tendência crescente”, mas com sinais de desaceleração. A nível territorial, a incidência está a subir ainda em todas as regiões, à exceção da estabilização de Lisboa e Vale do Tejo, onde se assinala uma uma estabilização.
Como tal, as duas autoridades sublinham a importância da “manutenção das medidas de proteção individual e a intensificação da vacinação de reforço“.
No que respeita aos cuidados de saúde, o país tinha na última quarta-feira – dia que serviu de referência para o relatório – 155 doentes internados em unidades de cuidados intensivos, ou seja, longe do número crítico das 255 camas ocupadas – trata-se de uma ocupação de 61%. O relatório diz que neste indicador também se mantém uma tendência estável, apesar do crescimento de 5% na última semana. A região Norte tem os valores mais preocupantes, já que regista 74 ocupadas, com o valor de alerta a ser 75. Trata-se de uma taxa de ocupação de 75% para doentes covid-19. É no grupo etário dos 60 aos 79 anos que se registam mais internamentos.