Para resolver os problemas financeiros, o CDS pode estar prestes a mudar de casa

José Sena Goulão / Lusa

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos

A saída do CDS do Palácio Caldas, em Lisboa, que é agora uma sede desproporcional dada a dimensão do partido, é uma das soluções apontadas para ajudar a equilibrar as contas.

Sem representação parlamentar e mergulhado numa crise interna, o CDS está agora a procurar soluções para fazer face às despesas. Segundo avança a edição do Expresso desta sexta-feira, essa solução pode passar pela saída da sede histórica do partido no Palácio Caldas.

O semanário cita vários antigos dirigentes partidários que acreditam que não há como escapar à mudança, visto que ter o palacete na baixa de Lisboa como sede é desproporcional à dimensão actual no partido e a sua gestão é demasiado cara.

Os problemas financeiros do CDS não são de agora, mas os sucessivos maus resultados eleitorais têm-nos agravado. De momento, o partido tem uma dívida de cerca de 700 mil euros — que já chegou aos 2 milhões, mas que foi reestruturada quando o partido ficou com 11 deputados.

Em 2019, a grande quebra de 18 para cinco deputados também causou um novo rombo nas contas devido à grande redução da subvenção pública atribuída ao partido, que passou a ser pouco mais de 50 mil euros mensais.

Agora sem representação parlamentar, o CDS vai notar uma quebra mensal de 60% no financiamento público, passando a receber 20 mil euros mensais em vez dos 70 mil anteriores. O partido vai receber na mesma a subvenção para ajudar a liquidar as contas da campanha, já que conseguiu quase 87 mil votos, passando assim a barreira dos 50 mil que é exigida.

Para colmatar esta quebra nas receitas, o CDS pode ter de recorrer à venda de património, incluindo de algumas das suas sedes. O Palácio Caldas é a actual sede nacional, sendo um grande palacete com quatro pisos, anexos e um pátio que pertence ao Patriarcado de Lisboa.

O edifício tem ficado nas mãos do partido devido a um acordo com a Igreja Católica e a Câmara Municipal de Lisboa, sendo que a autarquia tomou a sua posse administrativa para forçar a execução de obras consideradas necessárias e recebe agora uma renda de 1200 euros mensais — um valor muito abaixo nos números médios de mercado tendo em conta a dimensão e localização do palacete.

O Expresso estima que o pagamento das obras à autarquia demoraria 200 anos a esta velocidade. O ex-deputado Rui Almeida sugere que o CDS devolva o edifício em troca de uma indemnização para resolver este problema.

Recorde-se que, na sequência da perda histórica da representação parlamentar para os centristas, Francisco Rodrigues dos Santos apresentou a sua demissão. Está marcado para os dias 9 e 10 de Abril um Congresso para se escolher o seu sucessor, sendo que, por enquanto, o eurodeputado Nuno Melo é o único candidato.

Adriana Peixoto, ZAP //

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