Progressista, jovem e no feminino. Assim será o novo Governo do Chile

Elvis Gonzalez / EPA

Gabriel Boric, vencedor das eleições no Chile

O novo executivo, liderado pelo esquerdista Gabriel Boric, vai ter 14 mulheres e 10 homens e tem uma idade média de 49 anos.

No seu discurso de vencedor das presidenciais, Gabriel Boric prometeu mudanças profundas contra o legado neoliberal das políticas de Pinochet e também valorizar o papel das mulheres na sociedade.

E até agora, se os nomes que escolheu para integrar o seu Governo são alguma indicação, é isso mesmo que o jovem Presidente eleito está a fazer. Pela primeira vez nas Américas, haverá um executivo dominado por mulheres, que vai tomar posse a 11 de Março e substituir o Governo do bilionário conservador Sebastián Piñera.

Nesta sexta-feira, foram conhecidos os nomes de 14 mulheres e 10 homens que se vão tornar Ministros, com uma idade média de 49 anos, aponta o The Guardian. O Governo vai incluir tanto moderados mais experientes como antigos líderes dos protestos estudantis de 2011, onde Boric começou a sua carreira política.

“Juntamos um grupo de pessoas bem preparadas, que têm conhecimentos e experiência, que estão comprometidas com o programa de mudanças de que o país precisa, e que têm a capacidade de combinar pontos de vista, perspectivas diferentes e novas visões”, afirmou o chefe de Estado eleito na cerimónia de anúncio.

Gabriel Boric, de 35 anos, vai ser o primeiro Presidente millennial do Chile, depois de ter ganho notoriedade por ser um dos rostos dos protestos que começaram em 2019 contra as políticas neoliberais no país, especialmente contra o sistema de pensões privado.

A sua principal missão vai ser unir um país profundamente dividido, visto que o seu adversário na segunda volta das eleições, Jose Antonio Kast, representava o completo oposto no espectro político e era um adepto confesso de Pinochet. Boric quer agora fechar completamente as feridas que o país ainda tem da ditadura.

E nada exemplifica melhor este virar de página do que a sua escolha para Ministra da Defesa. Maya Fernández, de 50 anos, é a eleita. Esta neta do antigo presidente Salvador Allende, que foi deposto no golpe de Estado de 1973 que deu início ao regime ditatorial, vai levar a cabo reformas profundas no exército.

O novo Governo também vai incluir dois antigos líderes dos protestos estudantis. Giorgio Jackson, de 34 anos, que foi também o coordenador da campanha do futuro Presidente, vai ser o novo Secretário-Geral.

Camila Vallejo, de 33 anos, membro do Partido Comunista que precedeu a Boric na liderança do sindicato de estudantes da Universidade do Chile, vai ser a nova porta-voz do Governo.

A Ministra do Desporto vai ser Alexandra Benado, antiga jogadora da selecção nacional de futebol cuja mãe foi assassinada pelo Estado por ser membro do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR). Aos 45 anos, Benado será a primeira Ministra abertamente lésbica da história do Chile.

Entre as escolhas mais centristas, há o actual líder do Banco Central e ex-membro do Partido Socialista, Mario Marcel, de 62 anos, que será o novo Ministro das Finanças. Aos 55 anos, a socióloga Marcela Ríos, que passou a maior parte da carreira nas Nações Unidas, vai ter a pasta da Justiça.

Adriana Peixoto, ZAP //

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