João Ferreira chuta para canto significado político da substituição de Jerónimo. Campanha “não é de um homem só”

António Pedro Santos / Lusa

O candidato do Partido Comunista Português (PCP) à Assembleia da República, João Ferreira, intervém durante um encontro com trabalhadores por turnos no Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa

João Ferreira, da CDU

O líder é, indubitavelmente, o rosto mais visível, mas as campanhas comunistas nunca são “de um homem só”. Que o digam João Ferreira, ao leme da caravana de norte a sul do país, e João Oliveira, ao comando dos debates, dois rostos que substituem Jerónimo mas recusam significados sobre o protagonismo.

A cirurgia de urgência de Jerónimo de Sousa à carótida interna esquerda “decorreu com êxito” e o secretário-geral comunista estará de volta ao terreno “até ao fim de semana”.

Dentro do partido, todos aguardam “com muita pressa” o regresso do histórico comunista, ainda que, até lá, os comandos da operacionalização da campanha estejam assegurados quer por João Ferreira, quer por João Oliveira.

Ambos, no entanto, recusam quaisquer especulações sobre o significado político da alteração de protagonistas. “A substituição que todos desejamos é a de Jerónimo de Sousa nesta campanha”, disse Ferreira, citado pelo Expresso, no final de uma visita à Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA).

Questionado pelos jornalistas sobre a alta hospitalar do secretário-geral comunista, João Ferreira garantiu que “preferia que estivesse aqui o Jerónimo de Sousa no meu lugar”.

Ainda assim, “isso não significa que não me entregue a esta tarefa com toda a energia”. As campanhas comunistas, insistiu, não são “de um, nem dois, nem de três, mas de um imenso coletivo”.

Se a visita à ADFA tinha como objetivo sublinhar o papel dos deputados do PCP na defesa dos ex-combatentes e deficientes militares, a visita aos serviços municipais de recolha do lixo, horas antes, visava abanar uma das bandeiras mais importantes da campanha eleitoral comunista: a valorização geral dos salários.

A diferença estava traçada: uns “só vos dão direito a palmas e reconhecimento”, mas a CDU “não cruza os braços e quer a justa valorização das vossas carreiras e salários”, frisou João Ferreira, como quem reclama a paternidade do subsídio de insalubridade que permitiu a estes trabalhadores terem direito a “cerca de 70 euros por mês”.

Já quanto aos antigos combatentes das Forças Armadas, Ferreira recordou que o PCP queria criar uma “pensão mínima de dignidade” que, de um modo faseado, impedisse que os antigos combatentes recebessem uma pensão “inferior ao salário mínimo”.

A proposta acabou por não integrar o estatuto final, assim como o “complemento vitalício de pensão” para assegurar um mínimo de 50 euros. Mais não foi feito, continuou, porque a dissolução do Parlamento o impossibilitou, na sequência da rejeição da proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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