A campanha eleitoral para as Legislativas 2022 arrancou oficialmente este domingo, e prolonga-se até dia 28. No dia 30, os portugueses vão a votos.
Após a série de 30 debates a dois entre os líderes dos partidos que se apresentam às eleições do próximo dia 30, arrancou hoje oficialmente o período de campanha eleitoral.
No primeiro dia oficial de campanha eleitora, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu que as “várias declinações” da maioria absoluta pedida pelo PS, incluindo com o PAN, não são solução para Portugal, e rejeitou uma “navegação à vista” e pedindo “um novo ciclo mais exigente”.
O dirigente comunista João Oliveira considerou, no primeiro dia de campanha da CDU, que PS e PSD são conquistados por um “súbito apego à regionalização” sempre que há eleições legislativas, apesar de serem os responsáveis pelos impedimentos à sua concretização.
O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, defendeu que o partido tem “um misto de irreverência e preparação” que faz falta para “arejar” o país, reafirmando o objetivo de obter 4,5% da votação nacional.
Já o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, arrancou a campanha para as legislativas com a esperança de ser “a grande surpresa” de dia 30 e de voltar a eleger deputados pelos círculos de Leiria e Santarém.
O presidente do PSD, Rui Rio, acusou por sua vez o PS “de deturpar” as propostas sociais-democratas e de insistir na mentira, como a privatização da Segurança Social, para “amedrontar” as pessoas.
O secretário-geral do PS, António Costa, que neste primeiro dia de campanha se registou para votar antecipadamente no dia 23, no Porto, pediu a mobilização dos eleitores para que se ultrapasse uma das crises políticas “mais perigosas” da democracia portuguesa.
País não precisa de maioria absoluta com PAN
O Bloco de Esquerda escolheu a barragem de Miranda do Douro, distrito de Bragança, para o arranque oficial da campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro, focando-se num tema caro ao partido no último ano: os 110 milhões de euros que a EDP não pagou de imposto de selo pela venda de seis barragens.
Interrogada sobre se a estratégia desta campanha vai ser marcar as diferenças com o PS, a líder do BE começou por reiterar que “a direita não terá espaço” com o BE já que não aceita “a destruição do estado social, dos serviços públicos, o combate contra os direitos do trabalho e os salários baixos”.
“O país não precisa nem de maiorias absolutas, nem de maiorias absolutas com o PAN, e muito menos navegação à vista“, disse a coordenadora do Bloco.
“O que o país precisa é de um contrato para o país que salve o SNS, que respeite quem trabalha, que combata as desigualdades”, respondeu aos jornalistas quando questionada sobre a possibilidade adiantada pelo primeiro-ministro, António Costa, de governar como António Guterres.
“Mas também sabemos que uma maioria absoluta do PS ou uma maioria absoluta com PAN, as várias declinações que o PS tem pedido para essa maioria absoluta não será a solução para o país. Precisamos de um novo ciclo mais exigente”, defendeu.
IL: “misto de irreverência e preparação”
Tendo como pano de fundo a praia de Matosinhos, no distrito do Porto, onde arrancou para as legislativas com jogos de voleibol e futebol, o presidente da IL, João Cotrim Figueiredo afirmou que, tal como dentro de campo, traz para a campanha “a colaboração, a competição, o jogar dentro das regras e o saber ganhar e perder”.
Segundo Cotrim Figueiredo , o partido tem a irreverência e preparação necessárias para “arejar” o país. “As nossas ideias estão a passar. Estamos a conseguir provar às pessoas que temos aquele misto de irreverência e preparação que faz falta para arejar o bem-estar do país que, há tantos anos, está estagnado”.
O presidente da IL assumiu que a meta são os 4,5% da votação nacional e a obtenção de cinco mandatos e que, tudo o que for acima, será um “excelente resultado”. Por seu lado, ficar abaixo desse seria uma derrota e, a acontecer, assumirá as suas responsabilidades, garantiu.
O presidente da IL disse ainda que, nestas eleições, parte em vantagem porque é “honesto” e revelou quais os seus objetivos, algo que, disse, não acontece com o PS. “Insistam com o PS para que digam o que é que fará se o PSD for o partido mais votado”, pediu.
“Súbito apego” à regionalização
Aljustrel, no distrito de Beja, foi o município escolhido para o arranque da campanha eleitoral da CDU e João Oliveira começou com um cafezinho no Café Aliança.
Em substituição de Jerónimo de Sousa, sujeito a uma intervenção cirúrgica que o afastou da campanha, o deputado comunista considerou que PS e PSD são conquistados por um “súbito apego à regionalização” sempre que há eleições, apesar de serem os responsáveis pelos impedimentos à sua concretização.
“Naturalmente, sendo falso esse apego, rapidamente é esquecido. Feitas as promessas, colhidos os votos, lá ficou a promessa para trás e esquecida no tempo”, sustentou.
E quando PS e PSD se debruçam sobre a regionalização, prosseguiu João Oliveira, criam “falsas soluções de descentralização”, que não significam mais do que “a transferência de encargos para as autarquias e a desresponsabilização do Estado, com prejuízos diretos para as populações”.
E sem largar a regionalização, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP falou sobre a governabilidade no pós-eleições e a solução apresentada pelo secretário-geral do PS, António Costa, de governar “à Guterres”.
“Foi precisamente durante a governação ‘à Guterres’ que passou a estar inscrita na Constituição, em 8 de novembro de 1998, a obrigatoriedade de realização de um referendo, por imposição do PSD, e com obstáculo à regionalização”, apontou.
“Se a referência que António Costa faz para o futuro do país é o regresso a essa governação, que só significou atrasos, resistências e obstáculos, então estamos bem assim, muito obrigado! Não precisamos de governações ‘à Guterres’”.
CDS espera ser “a grande surpresa”
O presidente do CDS-PP arrancou a campanha no mercado de Santana, no concelho de Caldas da Rainha, onde distribuiu canetas e cumprimentos a quem comprava e a quem vendia, ora um beijinho, ora “um bacalhau”, e apelou ao voto.
“Constatámos, no contacto com a nossa população, que o CDS está bem embalado para as eleições legislativas do dia 30 de janeiro e eu atrevo-me até a dizer, pela boa recetividade, pela simpatia, pelas palavras de ânimo e de confiança, que o CDS vai ser a grande surpresa das eleições legislativas”, afirmou o líder do partido.
Francisco Rodrigues dos Santos explicou que “há muita gente que agora em coro quer fazer crer que o CDS vai ter um mau resultado eleitoral no dia 30 de janeiro” e mostrou-se convicto de que o partido “vai surpreender” porque “está habituado a ressuscitar nas urnas”.
Mais tarde, junto à praça de touros Celestino Graça, em Santarém, Rodrigues dos Santos criticou o “animalismo radical” do PAN, que é contra as touradas, e disse que na política gostaria de “pegar a maioria de esquerda pelos cornos”.
O PAN, que “vale 140 mil votos quando há três milhões de aficionados“, quer “impor o seu modo de vida urbano a quem vive no interior e tem uma vida de ruralidade”, realçou.
O presidente centrista adiantou que já era aficionado de touradas antes de entrar na política e que quando frequentou o Colégio Militar ensaiou “as artes do forcado”.
“No futuro, quem sabe, se não poderei estar mesmo na arena e de caras, que eu gosto de pegar o touro pelos cornos, e nestas eleições legislativas é isso que eu também vou fazer”, disse.
Rio acusa PS de deturpar propostas do PSD
Num discurso dirigido aos muitos apoiantes e militantes que se juntaram em Barcelos, no distrito de Braga, para o arranque oficial da campanha, o presidente do PSD acusou o PS “de deturpar” as propostas sociais-democratas e de insistir na mentira, como a privatização da Segurança Social, para “amedrontar” as pessoas.
“E quando eles sentem que podem perder começam sempre da mesma maneira, começam a deturpar aquilo que nós dizemos e, em vez de darem as suas propostas, começam a deturpar as nossas”, afirmou Rui Rio,
Rio acusou o PS de dizer que o PSD quer privatizar a Segurança Social. “Nunca o PSD disse isso, sabem que não dizem, mas como não têm propostas concretas deles próprios tratam de mentir com as propostas dos outros, ninguém vai privatizar segurança social nenhuma”, reforçou.
Rio garantiu que aquilo que o PSD quer é “assegurar as pensões de hoje, como inclusive as de futuro” e que “ninguém vai privatizar segurança social nenhuma” e “ninguém vai por o futuro das pensões das pessoas na bolsa“.
“Isso eu disse claramente na televisão, o PS ouviu-me a dizer isso mas insiste nessa mentira para tentar amedrontar as pessoas”, frisou.
Costa apela à mobilização
No primeiro dia de inscrições para o voto antecipado em mobilidade, António Costa registou-se para votar no próximo domingo, no Porto, no Pavilhão Rosa Mota – um dia em que estará em campanha eleitoral entre os distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo.
O secretário-geral do PS pediu a mobilização dos eleitores para que se ultrapasse uma das crises políticas “mais perigosas” da democracia portuguesa.
“Estamos a viver uma das crises políticas mais perigosas da nossa democracia, porque é uma crise política que se soma uma crise pandémica. Uma crise que foi aberta exatamente no momento em que estavam reunidas todas as circunstâncias para virar a página desta pandemia, prosseguindo com políticas económicas que têm garantido crescimento, emprego e justiça social”, declarou.
Neste quadro político, António Costa considerou fundamental que os eleitores votem, “antecipadamente, no dia 23, ou, normalmente, no dia 30”. “Mas todos temos de votar. O voto é um ato coletivo e é dos momentos mais bonitos da democracia. O momento em que cada uma e cada um dos cidadãos pode dizer o que deseja para o futuro da nossa pátria”, disse.
A seguir, o secretário-geral socialista reforçou o apelo a que os eleitores “votem” nos próximos dias 23 ou 30, defendendo que o PS apresenta aos eleitores “uma proposta clara e mobilizadora de estabilidade para o país e tranquilidade para a vida das pessoas”.
E estão dados os primeiros tiros do período oficial de Campanha Eleitoral para as Eleições Legislativas 2022.
ZAP // Lusa
Que jornalismo é este, que coloca PAN no título, que ouve o líder do CDS que deverá ficar com metade dos deputados do PAN (se é que elege algum), mas não ouve a líder do PAN?
Caro leitor,
O ZAP está a cobrir a campanha eleitoral de todos os partidos/coligações com assento parlamentar — PS, PSD, BE, CDU, PAN, IL, e Chega.
A estes, o ZAP acrescenta a cobertura da campanha do Livre, que, não tendo neste momento assento parlamentar, foi incluído na ronda de debates televisivos entre os líderes partidários — à luz de um critério que o ZAP cooptou para definir a cobertura que está a fazer.
Além destas formações partidárias, o ZAP está a fazer e fará a cobertura dos temas, campanhas, partidos ou personalidades que entender pertinentes, e deixará de o fazer quando assim o entender.
No caso desta notícia em particular, à hora da sua edição o jornalista não tinha disponíveis declarações de algumas das formações partidárias que está a cobrir — designadamente, do PAN, Chega e Livre.
Fez assim a peça com base em diversas das declarações disponíveis das formações partidárias focadas no título — Bloco, CDU, IL, CDS, PSD e PS.
Além destas, no título foi focado o PAN, por ter sido diretamente visado nas declarações de uma das formações citadas.
Razão pela qual, além da referência ao partido no título, foi acrescentada a foto da sua líder na composição montada para ilustrar o artigo.
E portanto, se não há na peça declarações do PAN, do Chega e do Livre, é porque o jornalista não as tinha disponíveis, e não porque tenha feito uma escolha editorial — que, ressalvamos, poderia ter feito.
Portanto não há razão para se enervar, nem ficar indignado. Mas se optar por manter a sua indignação, pedimos-lhe que as estenda também à omissão na peça de quaisquer declarações do Chega — partido esse que “deverá ter o dobro” dos deputados do PAN e CDS juntos, se acreditarmos em algumas sondagens.
Para terminar, deixamos-lhe um link para que possa acompanhar de perto a cobertura que o ZAP está a fazer da campanha do PAN — onde encontra as 1850 notícias que publicámos sobre a referida formação partidária:
https://zap.aeiou.pt/tag/pan
“O país não precisa nem de maiorias absolutas, nem de maiorias absolutas com o PAN…”
Catarina Martins deve estar com problemas com a língua portuguesa. Por definição as maiorias absolutas são de um só partido. Quanda a maioria é constituída por dois ou mais partidos, chama-se coligação. Mas o gene das deturpações ideológicas, que está no ADN do BE, leva-a a disparatar. E não é só neste caso. Tendo aberto a porta ao risco de uma maioria de direita, com a não viabilização do OE, o BE agora preocupa-se com a possibilidade de uma maioria estável e eficaz com o PS e o PAN. A qual, ao contrário de uma maioria com o BE, não correria o risco de desestabilizar o país.