/

Híbrido de coronavírus é raro, mas possível. Seria um “super SARS-CoV-2”

Um híbrido de coronavírus, como se suspeita que possa ser a “Deltacron”, é raro, mas possível. A acontecer, seria um “super SARS-CoV-2”.

O Chipre detetou uma nova variante que mistura a Delta com a Ómicron, a que chamam de “Deltacron”. O país já identificou 25 casos, mas há especialistas que acreditam que esta descoberta pode dever-se a um erro de laboratório.

A epidemiologista Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS para a covid-19, acredita que o que está em causa é “uma provável contaminação durante a sequenciação” feita em laboratório, conforme sublinhou numa publicação no seu perfil do Twitter.

Ao Expresso, o presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, Paulo Paixão, diz que ainda é preciso “esperar por mais informação”, mas que acha improvável que “tenha havido um fenómeno de junção de duas variantes”.

Paulo Paixão acredita que os casos detetados no Chipre podem indiciar uma variante que “foi juntando mutações que são comuns”.

O especialista explica que “este vírus tem, em média, duas mutações por mês” e “quanto maior a circulação, mais mutações vão surgir”. Ainda assim, a maioria destas mutações “não tem uma mínima implicação”.

Embora descarte alarmismos, para já, Paulo Paixão salienta que “essa ideia de fusão pode estar sempre em cima da mesa”. O mesmo acontece no vírus da gripe com, por exemplo, a Gripe Espanhola ou a gripe das aves. Ao contrário da gripe, “no caso dos coronavírus é mais difícil surgir um híbrido”.

Em declarações ao Expresso, o microbiologista Carlos Cortes realça que é preciso “ter sempre precauções e, sobretudo, uma grande capacidade de adaptação às novas realidades e conformações do vírus”.

“Se tivermos uma estirpe que tem a capacidade de contágio da Ómicron e a virulência da Delta, estaremos perante um grande problema”: um “super SARS-COV-2”, avisa o diretor do Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar Médio Tejo.

A equipa cipriota que identificou os alegados casos de “Deltacron” está agora a averiguar se a mistura é mais contagiosa ou se causa doença mais grave e as amostras recolhidas no Chipre estão a ser analisadas para que se confirme a sua autenticidade, tendo sido submetidas na base internacional GISAID do Instituto Pasteur, que divulga dados sobre novas variantes.

Daniel Costa, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.