No ano passado, os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) realizaram perto de 21,9 milhões de horas extraordinárias.
De acordo com a edição deste sábado do jornal Público, trata-se do maior valor registado no Portal do SNS e representa um acréscimo de 26% em relação a 2020, ano em que já tinha batido o recorde nesta matéria.
A informação no Portal do SNS não permite desagregar o número de horas extras por grupo profissional nem ter dados sobre os custos associados.
Entre janeiro e setembro, no entanto, o custo das horas extras já ascendia a cerca de 300 milhões de euros, tendo os enfermeiros realizado nesse período mais de 5 milhões de horas extras e os médicos mais de quatro milhões.
“Os médicos deverão ter feito cerca de 7,5 milhões de horas extra”, estimou Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos. “E evidente que o SNS precisa de contratar mais médicos, ter melhores condições de trabalho, mais investimento.”
Se nada mudar, “o número de rescisões vai continuar a aumentar”, “vão existir reformas” e “a incapacidade de captar novos especialistas”. “Os recursos não serão suficientes para colmatar as necessidades”, sublinhou.
Os dados do Portal do SNS indicam que no topo da lista das instituições que mais horas de trabalho suplementar registaram em 2021 está o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com 1,6 milhões de horas.
No segundo lugar surge o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (1,4 milhões), seguido pela Administração Regional Saúde (ARS) Norte, com 1,3 milhões de horas.