100 mulheres muçulmanas estavam à venda num leilão falso online. O site já foi encerrado

O site disponibilizava fotos de cerca de 100 mulheres muçulmanas, várias delas ativistas e jornalistas, e colocava-as à venda num leilão falso.

Segundo o Observador, o governo indiano está a investigar um site que alegava estar a vender mulheres muçulmanas através de um leilão online falso.

O website foi criado, de acordo com a CNN, através da plataforma GitHub, propriedade da Microsoft, e tinha como nome “Bulli Bai” – expressão que combina a palavra “pénis” e o termo utilizado no norte do país para designar “empregada”.

A plataforma, segundo Mohammed Zubair, cofundador da plataforma de verificação de factos Alt News, disponibilizava fotos de cerca de 100 mulheres muçulmanas, sendo várias delas ativistas e jornalistas.

O site, de acordo com um porta-voz do GitHub, já foi encerrado, e não há evidências de que tenha sido usado para a prática de tráfico humano, tendo como objetivo o assédio das mulheres muçulmanas.

“A GitHub defende políticas contra qualquer conteúdo ou conduta que envolvam o assédio, a discriminação e a incitação à violência”, afirmou o mesmo porta-voz.

Os partidos da oposição na Índia apelaram este fim de semana ao partido em liderança, o Bharatiya Janata, que tomasse medidas mais sólidas em relação ao assédio da população feminina muçulmana da Índia.

De entre as mulheres que estavam a ser supostamente leiloadas no Bulli Bai, encontram-se a ativista e prémio Nobel da Paz Malala Yousafzai e a atriz indiana Shabana Azmi.

“Vender alguém online é um cibercrime, e eu peço à polícia que tome ações imediatas”, expressou Shashi Tharoor, líder do congresso indiano. “Os perpetradores do crime merecem um castigo condigno e exemplar.”

No domingo, o ministro da Tecnologia da Índia afirmou nas redes sociais que o governo “estava a trabalhar com as forças policias de Dehli e Mumbai neste caso”.

Ismat Ara, jornalista de investigação do The Wire, realçou que “o website parece ter sido criado com o propósito de humilhar e insultar as mulheres muçulmanas”, segundo o AlJazeera.

A jornalista apresentou uma queixa-crime na polícia de Dehli, depois de ter encontrado uma foto sua no leilão falso.

“As mulheres que foram alvo desta humilhação são figuras de destaque no alerta para os problemas das mulheres muçulmanas nas redes sociais. É uma clara conspiração para silenciar estas mulheres muçulmanas porque nós desafiamos a ala de direita Hindu online, contra os seus crimes de ódio”, desabafou a jornalista.

De acordo com a BBC, esta é a segunda tentativa em poucos meses de silenciar e humilhar as mulheres muçulmanas.

Em julho, um outro site chamado “Sulli Deals” criou perfis falsos de mais de 80 mulheres, que foram igualmente dispostas num leilão falso.

Para já, ainda não foi realizada nenhuma detenção em nenhum dos casos de assédio e humilhação online.

ZAP //

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