Pandemia diminuiu muito o número de carros…queimados

Com 95 mil polícias espalhados pelas ruas de França na noite de passagem de ano, a tradição recente abrandou.

Lançar foguetes ou fogo-de-artifício? Comer passas e beber espumante? Ir buscar panelas e tachos para fazer barulho? Há muita gente em França que prefere outro gesto, na noite de passagem de ano: queimar carros. Sim, carros reais, dos grandes.

Relatos locais indicam que esta rotina…esquisita começou há cerca de 30 anos, ao longo da década 1990. Em alguns bairros pobres perto de Estrasburgo, vários jovens começaram a queimar carros na noite de 31 de Dezembro ou já madrugada de 1 de Janeiro.

Mais tarde, em 2005, houve diversos motins em França. Multiplicaram-se os episódios de violência, que começaram em Clichy-sous-Bois (arredores de Paris), por causa de uma perseguição policial que originou a morte de dois jovens e devido ao arremesso não intencional, por parte de polícias, de uma granada de gás lacrimogéneo à entrada de uma mesquita.

E a partir desse ano, 2005, a rotina de queimar carros espalhou-se por vários locais de França, sobretudo nos subúrbios.

Há dois anos, por exemplo, durante os festejos da entrada em 2020 foram registados 1.316 carros queimados. São números revelados pelo Ministério do Interior de França, que na altura registou a detenção de 376 pessoas – apenas para interrogatório.

Em 2017, houve 1.031 automóveis incendiados na Passagem de Ano. Já no ano anterior, tinha havido apenas 804 carros queimados no Ano Novo.

No ano passado pode ter havido a repetição da prática, mas não há registos oficiais – a França, como muitos outros países, atravessava um período de confinamento geral.

Desta vez, na madrugada do sábado passado houve oficialmente 874 carros queimados. Uma quebra de cerca de um terço, em relação aos números anteriores.

Esta descida deve-se ao facto de os próprios franceses terem optado por uma passagem de ano mais discreta, por causa da pandemia, mas também está fortemente relacionada com a vigilância: na noite de 31 de Dezembro estiveram cerca de 95 mil polícias espalhados por várias ruas de França, com o auxílio de 32 mil bombeiros e equipas especiais de segurança.

Só em Estrasburgo foram detidas 31 pessoas para interrogatório por causa de incêndios, que queimaram veículos e latas de lixo. Quatro elementos da polícia ficaram feridos.

Um dos maiores problemas surgiu em Yonne, onde uma festa ilegal decorreu e prolongou-se durante horas. No dia 1 de Janeiro, por volta das 12 horas, a festa ainda decorria sem que a polícia conseguisse controlar a situação.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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