A saída do jornalista Luís Vigário da RTP está a causar mais um desconforto no seio do canal público, com a Comissão de Trabalhadores a acusar a direcção de assédio e de manter uma “cultura persecutória”. É mais uma polémica a somar à saída de Sandra Felgueiras.
Após a suspensão do programa “Sexta às 9”, no seguimento da saída de Sandra Felgueiras da RTP, a informação do canal público vive mais um episódio conflituoso entre os dirigentes e a redacção.
Desta feita, está em causa a saída de outro jornalista da RTP. Luís Vigário apresentou a demissão após a resposta que terá recebido de uma directora do canal depois de perguntar porque teria de trabalhar fora de horário.
“Tu és recibo verde, não tens horário”, terá dito essa directora.
Esta é a história que se conta no comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP a que o Correio da Manhã (CM) teve acesso.
“Toda a discussão ocorreu diante de terceiras pessoas, em termos que poderão considerar-se humilhantes e vexatórios“, alega ainda a CT, salientando que Luís Vigário decidiu despedir-se devido ao “enxovalho” que diz ter sofrido nessa reunião.
A CT exige, assim, um pedido de desculpas da RTP ao jornalista, apelando ainda a que o mesmo seja reintegrado no canal público.
Além disso, a Comissão pede que seja erradicada o que define como uma “cultura macartista e persecutória” que alega imperar na estação pública.
O presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, explicou à CT que Luís Vigário “já tinha decidido acompanhar a coordenadora do Sexta às 9 [Sandra Felgueiras] num outro projecto”, conforme cita o CM.
Assim, Nicolau Santos alegou que a saída do jornalista da RTP “era uma decisão já tomada” e que não teve “absolutamente nada a ver” com o referido incidente com a directora.