Candidato à liderança do PSD acusou António Costa e o seu Governo de tirarem esperança aos portugueses em relação ao futuro.
A poucos dias das eleições internas do PSD, Paulo Rangel troca com frequência os fatos de candidato a líder do partido e o de possível candidato a primeiro-ministro. Durante as suas ações de campanha — para as direitas do próximo fim-de-semana — tanto atira a Rui Rio como a António Costa, adversário que ainda não é o seu mas que almeja que seja.
Na noite de ontem, o eurodeputado encheu uma sala de um hotel em Lisboa com cerca de 300 apoiantes, os quais o aplaudiram, por exemplo, quando criticou Rui Rio por não ter feito uma oposição forte, firme, vigorosa, credível e responsável“. Para Rangel, “por cada crítica” que faça, o PSD terá de apresentar uma solução. “Mas isso não é motivo para não criticarmos, não darmos visibilidade à denúncia dos erros cometidos pelo PS sobretudo desde 2019”, vincou.
De seguida, virou-se para António Costa, evocando a presença ativa do atual primeiro-ministro na vida política do país: “ele anda na política há 40 anos, e é ministro há 25“.
“Foi ele quem passou todas as linhas vermelhas, aqui eram mesmo vermelhas com partidos radicais, foi ele que não quis nunca fazer qualquer ponte com o PSD, muito pelo contrário. Como é que pode agora aparecer como uma espécie de homem milagre disponível para governar com o PSD e nós temos um PSD que diz que é capaz de lhe cair nos braços depois destes anos todos?”, questionou, fazendo referência às sucessivas declarações de Rui Rio, nas quais o líder social democrata abriu a porta a entendimentos com o PS para a viabilização de uma solução governativa estável para o país — uma situação que o eurodeputado considera equiparar-se a um “pântano”.
Ainda nesta linha, respondeu a Rio, que o acusou de não estar preparado para ser primeiro-ministro. “O que eu não estou é preparado para ser vice-primeiro-ministro de um Governo PS”, atirou.
Ainda sobre o Governo socialista, Rangel afirmou que os objetivos de António Costa nos últimos anos passaram sobretudo por “garantir mais um orçamento, debaixo de um padrão de controlo da sociedade, de colocar as pessoas no sítio certo, de criar a ideia que se dominava a comunicação social, e de fazer bullying ao poder judicial“. O eurodeputado faz ainda referência ao sentimento moral dos portugueses, que, na sua opinião, estão pouco esperançosos em relação ao futuro. “O Governo Costa conseguiu anestesiar o país e criar a sensação de não haver horizonte para onde sair. As pessoas não vêem uma luz ao fundo do túnel”.
Durante o dia de ontem, durante ações de campanha em Torres Vedras, Paulo Rangel já tinha deixado críticas a Rio, que acusou de se abster de descer ao partido. “Não é forma de tratar os militantes”, resumiu. Mais tarde, voltou à carga. “Um exercício fundamental de humildade democrática falar e dialogar com os militantes.”
Apesar de uma presença intensa perante a comunicação social, com discursos e declarações, o dia de Paulo Rangel, assim como a vantagem que pode levar para as diretas do próximo fim-de-semana, leu-se também nas entrelinhas. Durante a ação de campanha de ontem à noite, contou com o apoio de Ângelo Pereira, o líder da distrital de Lisboa, a maior do país, mas também de nomes do barrosismo, como José Luís Arnaut, José Matos Correia, José Matos Rosa.