O Supersaurus pode ser, afinal, o dinossauro mais comprido que já viveu na Terra. Uma nova investigação mostra que poderá ter ultrapassado os 39 metros de comprimento.
O Supersaurus era um diplodocídeo – um saurópode de pescoço longo e com cauda em forma de chicote – e sempre foi visto como um dos dinossauros mais compridos que andaram pela Terra. Mas agora, uma nova pesquisa mostra que pode ter sido mesmo o maior de todos.
Quando ainda estava vivo, há cerca de 150 milhões de anos, este dinossauro poderá ter ultrapassado os 39 metros de comprimento ou mesmo ter chegado aos 42 metros, descobriu a investigação a cargo de Brian Curtice, paleontólogo do Museu de História Natural do Arizona.
A pesquisa, que ainda não foi oficialmente publicada numa revista científica, foi apresentada na conferência anual da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, no passado dia 5 de novembro.
Em declarações ao site Live Science, Curtice explicou que ele e a sua equipa chegaram a esta conclusão depois de terem tido finalmente acesso a um “esqueleto decente”, já que os outros fósseis disponíveis estavam divididos em fragmentos, sendo mais difícil estimar com precisão os comprimentos dos espécimes em causa.
Uma “salada de ossos”
Na verdade, esta é uma descoberta que já está a ser trabalhada há quase 50 anos. Tudo começou em 1972, quando o primeiro exemplar do Supersaurus foi encontrado naquilo a que o paleontólogo chama de uma “salada de ossos” em Dry Mesa Quarry, nos Estados Unidos. Portanto, não foi claro na altura quais eram os ossos que realmente lhe pertenceram.
Esta “salada de ossos” foi escavada por Jim Jensen, que descobriu um escapulocoracóide (dois ossos que constituem a cintura escapular dos dinossauros adultos) e outros ossos que o investigador pensou pertencerem a dois outros saurópodes, que anos mais tarde batizou de Ultrasauros e Dystylosaurus.
Em 1985, Jensen publicou mesmo um estudo científico no qual anunciava a descoberta de três novos saurópodes na pedreira. No entanto, como explica o mesmo site, o investigador não era um paleontólogo treinado e cometeu alguns erros na sua análise. Tanto que ao longo dos anos os paleontólogos têm debatido se o Ultrasauros e o Dystylosaurus são géneros válidos, ou se (como Curtice acredita), na verdade, os seus ossos foram identificados incorretamente e pertencem sim a um único Supersaurus.
Esta reclassificação de três dinossauros como sendo apenas um dá aos cientistas o espécime de Supersaurus mais completo de sempre, o que é útil para estimar o seu comprimento. Mas como é que se pode fazê-lo?
Tornar três dinossauros em apenas um
Para isso, Curtice tem tentado explicar estes erros do passado. Por exemplo, um dos escapulocoracóides da pedreira seria cerca de 25 centímetros mais longo do que o outro, o que levou muitos cientistas a acreditar que pertencia a outro género de dinossauro.
Mas, na sua análise, o paleontólogo descobriu que o osso mais longo estava apenas distorcido por causa de algumas fendas e que se se juntar todas as fissuras, ambos são basicamente do mesmo tamanho.
O cientista também encontrou deformidades, feitas por forças ambientais, em ossos que tinham sido atribuídos ao Dystylosaurus e a outros géneros e mostrou que estes ossos, na verdade, pertencem ao Supersaurus.
Além disso, desde a sua descoberta original, outros paleontólogos descobriram esqueletos parciais que se pensam ser também de Supersaurus – incluindo um que foi apelidado de Jimbo e outro de Golias, embora ainda falte a revisão por pares deste último.
E o próprio Curtice “vasculhou” os muitos fósseis encontrados na pedreira que nunca chegaram a ser estudados. O paleontólogo identificou cinco novas vértebras do pescoço, uma nova vértebra das costas, duas novas vértebras da cauda e um púbis esquerdo.
Foram estes ossos recém-identificados que o ajudaram a obter uma estimativa mais precisa dos novos comprimentos do Supersaurus, incluindo as que mostram que o seu pescoço tinha mais de 15 metros e a sua cauda mais de 18 metros.
Em declarações ao mesmo site, Matt Lamanna, paleontólogo que não esteve envolvido na pesquisa, considera que a teoria de Curtice terá mais força assim que o tal Golias seja formalmente identificado como um Supersaurus. “Acho que será muito emocionante quando isso acontecer” porque “acho que ele está muito provavelmente correto.”
Resta-nos esperar para ver.