Uma única proteína pode ditar se algumas formigas se tornam operárias ou rainhas

Kalyan Varma / Wikimedia

Formigas da espécie Harpegnathos saltator

Um novo estudo mostra que um leve ajuste na ativação de uma única proteína pode determinar se algumas formigas se tornam operárias ou rainhas.

Enquanto a maioria das espécies de formigas nasce numa casta específica da sua colónia, o que lhes dá pouca ou nenhuma probabilidade de subir na escala social, no caso da formiga-saltadora-de-Jerdon (Harpegnathos saltator) as coisas são um bocadinho diferentes.

Segundo o site Science Alert, quando uma rainha desta espécie morre, as operárias lutam entre si para ver quem vai ocupar o seu lugar. As que acabam por sair vitoriosas tornam-se as chamadas “gamergates”, ficando responsáveis por reproduzir-se com outros machos e pôr ovos.

Estudos anteriores já tinham mostrado que esta transição estava relacionada com mudanças no cérebro da formiga, incluindo diferentes expressões génicas, níveis de hormonas e composições celulares. Agora, uma equipa de cientistas descobriu que tudo isto se deve a uma única proteína chamada Kr-h1 (Krüppel homolog 1).

Para chegar a esta conclusão, os investigadores conduziram uma série de experimentos com as formigas H. saltator, com os seus neurónios a serem expostos a diferentes níveis de hormonas.

A investigação identificou que duas hormonas – a hormona juvenil e a ecdisona – que estão presentes a diferentes níveis nos corpos das operárias e das gamergates, produziram padrões distintos de ativação génica nos cérebros das duas castas. A maior surpresa foi que ambas influenciaram as células, ativando a tal proteína, Kr-h1.

“Esta proteína regula diferentes genes nas operárias e nas gamergates e evita que as formigas executem comportamentos ‘socialmente inadequados'”, explicou ao site Phys.org Shelley Berger, investigadora da Universidade da Pensilvânia.

“Ou seja, a Kr-h1 é necessária para manter as fronteiras entre as castas sociais e garantir que as trabalhadoras continuam a trabalhar, enquanto as gamergates continuam a agir como rainhas”, acrescentou.

“Por outras palavras, todas podem desempenhar qualquer um dos papéis, dependendo de quais chaves genéticas estão ativadas ou desligadas”, concluiu.

O estudo foi publicado, a 4 de novembro, na revista científica Cell.

ZAP //

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