Um novo estudo mostra que um leve ajuste na ativação de uma única proteína pode determinar se algumas formigas se tornam operárias ou rainhas.
Enquanto a maioria das espécies de formigas nasce numa casta específica da sua colónia, o que lhes dá pouca ou nenhuma probabilidade de subir na escala social, no caso da formiga-saltadora-de-Jerdon (Harpegnathos saltator) as coisas são um bocadinho diferentes.
Segundo o site Science Alert, quando uma rainha desta espécie morre, as operárias lutam entre si para ver quem vai ocupar o seu lugar. As que acabam por sair vitoriosas tornam-se as chamadas “gamergates”, ficando responsáveis por reproduzir-se com outros machos e pôr ovos.
Estudos anteriores já tinham mostrado que esta transição estava relacionada com mudanças no cérebro da formiga, incluindo diferentes expressões génicas, níveis de hormonas e composições celulares. Agora, uma equipa de cientistas descobriu que tudo isto se deve a uma única proteína chamada Kr-h1 (Krüppel homolog 1).
Para chegar a esta conclusão, os investigadores conduziram uma série de experimentos com as formigas H. saltator, com os seus neurónios a serem expostos a diferentes níveis de hormonas.
A investigação identificou que duas hormonas – a hormona juvenil e a ecdisona – que estão presentes a diferentes níveis nos corpos das operárias e das gamergates, produziram padrões distintos de ativação génica nos cérebros das duas castas. A maior surpresa foi que ambas influenciaram as células, ativando a tal proteína, Kr-h1.
“Esta proteína regula diferentes genes nas operárias e nas gamergates e evita que as formigas executem comportamentos ‘socialmente inadequados'”, explicou ao site Phys.org Shelley Berger, investigadora da Universidade da Pensilvânia.
“Ou seja, a Kr-h1 é necessária para manter as fronteiras entre as castas sociais e garantir que as trabalhadoras continuam a trabalhar, enquanto as gamergates continuam a agir como rainhas”, acrescentou.
“Por outras palavras, todas podem desempenhar qualquer um dos papéis, dependendo de quais chaves genéticas estão ativadas ou desligadas”, concluiu.
O estudo foi publicado, a 4 de novembro, na revista científica Cell.