Os relâmpagos criam uma assinatura única nos ossos das suas vítimas

Este novo estudo pode ajudar as equipas forenses a perceber se pessoas ou animais foram vítimas de uma queda fatal de um relâmpago, apenas com base na análise dos seus ossos.

Estima-se que 24 mil pessoas morrem, todos os anos, por serem atingidas por relâmpagos. Quando há suspeita dessa causa de morte, os patologistas forenses podem determiná-la procurando por sinais de traumatismo na pele e nos órgãos do falecido. Mas o mesmo não tem sido possível quando só têm acesso ao esqueleto. Agora, um novo estudo publicado, a 3 de novembro, na revista científica Forensic Science International: Synergy, apresenta uma solução.

“O nosso trabalho é a primeira pesquisa que identifica marcadores únicos dos danos causados pelos raios no esqueleto humano e permite-nos reconhecer a presença dos relâmpagos quando só temos acesso aos ossos”, afirmou, em comunicado, Nicholas Bacci, professor da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, e autor principal do artigo.

“Isto pode permitir-nos reconhecer entre a morte acidental versus homicídio em casos em que a causa não é aparente, ao mesmo tempo que nos permite construir um quadro mais completo da verdadeira incidência de mortes por raios”, acrescentou.

Para isso, os investigadores geraram raios artificiais em laboratório, que depois foram aplicados diretamente em ossos humanos, extraídos de cadáveres doados à ciência que morreram por causas naturais.

“Ao utilizarmos microscopia de alta potência, pudemos observar que existe um padrão de micro-fratura dentro do osso afetado pela passagem de uma corrente elétrica. Isto assume a forma de fendas que se irradiam do centro das células ósseas, ou que saltam irregularmente entre grupos de células”, explicou, na mesma nota, Patrick Randolph-Quinney, da Northumbria University, em Inglaterra, e outro dos autores do estudo.

“Embora esta experiência tenha sido conduzida em condições controladas de laboratório, pudemos ver o mesmo trauma em animais mortos por relâmpagos naturais. Fomos capazes de comparar os resultados humanos com os ossos de uma girafa morta por um raio e o padrão do trauma é idêntico, embora a micro-estrutura do osso humano seja diferente do osso animal. Esta é a prova que andávamos à procura neste campo da patologia forense”, concluiu.

ZAP //

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