Jerónimo diz que geringonça “tal qual” existia não se repete – mas mostra-se “agradecido” a Pedro Nuno

José Sena Goulão / Lusa

O secretário-geral do PCP disse na quarta-feira que ficou “muito agradecido” ao ministro socialista Pedro Nuno Santos por defender o êxito e reedição do acordo à esquerda, mas considerou que agora “não corresponde ao sentimento prevalente” no PS.

Interpelado sobre as declarações do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na terça-feira, de que o acordo à esquerda “funcionou” e que “não foi um parêntesis” na história da política portuguesa, Jerónimo de Sousa disse que ficou “muito agradecido”.

Culpando o Governo pela crise política aberta – o líder do PCP disse que nas últimas reuniões o Executivo assinalava vontade de convergência em propostas do partido, mas depois não atuava em conformidade, Jerónimo acrescentou que a geringonça, como ficou popularmente conhecido o acordo feito em 2015 entre PS, BE, PCP e PEV, “foi uma fase da vida nacional”, mas poderá voltar a haver “convergência, designadamente com o PS, mas não só”, se assim justificar o momento e as propostas em cima da mesa “que respondam aos problemas do país”. Porém, acrescentou, o que aconteceu nos últimos anos não se repitirá “da mesma forma”.

A confiança entre PS e PCP está “minada” e a geringonça “tal qual” existiu nunca mais se repetirá, referiu, citado pelo Observador.

Jerónimo de Sousa rejeitou também a noção de uma ligação direta entre o entendimento com o PS e os resultados eleitorais da CDU nos últimos anos.

Questionado se para o PCP a decisão de chumbar o OE foi pacífica, Jerónimo admitiu que a discussão no comité central foi “muito rica e fértil”, mas a conclusão acabaria por ser “unânime”.

Reconhecendo que pode haver “um ou outro descontente” com a solução encontrada em 2015, o membro do Comité Central sustentou que o partido está longe de ver o “papel da agência funerária”. O secretário-geral do PCP acrescentou que existe “um fator de alteração sociológico que merece reflexão” sobre os resultados eleitorais da CDU nas últimas eleições.

Do contacto nas ruas, Jerónimo de Sousa revelou que várias pessoas lhe disseram que o partido agiu corretamente ao chumbar a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) na generalidade.

ZAP // Lusa

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