Nos últimos seis anos, menos de metade dos novos profissionais que se inscreveram na Ordem dos Médicos, ingressam no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo o Correio da Manhã, o número de inscritos na Ordem dos Médicos aumentou em 8.824 desde 2015, mas no Serviço Nacional de Saúde a subida foi apenas de 4.231 — menos de metade.
Entre 2019 e 2020, a diferença acentuou-se: houve 1.776 novos médicos, mas apenas 521 ingressaram no Serviço Nacional de Saúde.
Em média, por ano, há mais 1.764 profissionais inscritos na Ordem dos Médicos. Em contrapartida, a média anual de novos médicos no SNS é de apenas 846.
O pior é que o Serviço Nacional de Saúde até tem vindo a perder médicos. Desde janeiro até agosto deste ano, o SNS perdeu 763 médicos.
A situação de falta de médicos replica-se um pouco por todo o país. Depois da demissão em bloco de médicos no Hospital de Setúbal, a equipa da Urgência de Psiquiatria do Porto também bateu com a porta. E no Hospital de Leiria vive-se uma “situação dramática” quando os milhões anunciados para o SNS, através do Orçamento do Estado, são insuficientes para resolver todos os problemas.
A Ordem dos Médicos também apontou problemas “graves” no hospital de Vila Franca de Xira, que incluem a abertura de ala de internamento na garagem, a falta de médicos e a reposição de stock.
Aliás, um pedido recorrente do BE e do PCP durante as negociações do OE2022 foi a apresentação de medidas para fixar médicos no SNS.
O Executivo incluiu na proposta de Orçamento uma referência ao arranque do regime de “dedicação plena” dos profissionais ao SNS.
Esta quinta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu que debatendo com “maior profundidade” o OE2022, com as várias classes profissionais, muitas das razões que as levaram a marcar greves ficarão resolvidas.
Os sete sindicatos dos enfermeiros vão reunir-se hoje para definirem os detalhes da greve que está marcada para a primeira semana de novembro, realça ainda o CM.