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Escolas estão a receber professores sem habilitação profissional

Manuel de Almeida / Lusa

Só cerca de 15% dos 3.887 horários disponibilizados em oferta de escola foram ocupados por professores presentes nas diferentes listas de ordenação – onde só estão docentes que fizeram o respetivo estágio profissional.

Arlindo Ferreira, autor do blogue DeAr Lindo, refere ao Público que 570 horários disponibilizados na plataforma SIGRHE foram preenchidos por docentes profissionalizados. Os restantes 3.371 horários, isto é, cerca de 85%, terão sido ocupados por professores que se candidataram diretamente junto das escolas.

“Admito que muitos dos horários de oferta de escola tenham sido ocupados por professores que não estavam nas listas, mas isso não significa necessariamente que não tenham as necessárias qualificações para a docência: podem simplesmente não ter concorrido pelas mais variadas razões”, avisa o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira.

O responsável admitiu, no entanto, que no caso da disciplina TIC, a falta de candidatos já levou algumas escolas a estabelecerem protocolos com universidades para que os estudantes desta área possam dar aulas nas escolas.

“Tem sido a estratégia encontrada por muitas escolas quando não há candidatos, mas aqui estamos a falar de estágios e não de colocações”, explicou.

O recurso a docentes sem habilitação profissional está a verificar-se nomeadamente nos cursos profissionais do secundário. “e estivermos a falar de um curso de cozinha, basta alguém que seja cozinheiro para dar aulas”, disse Manuel Pereira.

Dado o problema da falta de professores, estes números não surpreendem Filinto Mota, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), que se mostrou preocupado com o facto de as escolas voltarem “a adotar práticas do século passado, dos anos 80 e 90, em que chegavam às escolas professores com as chamadas habilitações mínimas, por vezes só com o 12.º ano”.

O número de estudantes inscritos em cursos superiores de Educação caiu cerca de 70% desde o início do século e, segundo noticiou o Público este sábado, a inversão registada nos últimos quatro anos não tem sido suficiente para inverter esta queda.

ZAP //

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