Depois de já ter sido condenado em casos semelhantes no passado, Le Pen está novamente a ser acusado de discurso de ódio depois de ter feito uma referência ao Holocausto numa crítica a um cantor judeu.
Começou ontem o julgamento de Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional e pai de Marine Le Pen, com mais acusações de incitar o ódio racial, desta vez com comentários sobre um cantor judeu, escreve a France Press.
O caso remonta a um vídeo de 2014 no site do partido Reagrupamento Nacional – que na altura se chamava Frente Nacional – onde Le Pen se queixava de artistas que criticaram as suas posições extremistas, incluindo Madonna e Yannick Noah, jogador de ténis que passou a dedicar-se à música.
O actor e cantor Patrick Bruel também não foi poupado, com o político de 93 anos a fazer uma referência sobre o Holocausto, sendo que Bruel é judeu. “Não estou supreendido. Oiçam, da próxima vez faremos uma fornada completa“, afirmou Le Pen.
Jean-Marie defendeu-se das críticas dizendo que os comentários não eram anti-semitas e que só os seus “inimigos políticos ou imbecis” é que podiam interpretá-los dessa forma. Le Pen também não apareceu no julgamento em Paris, com o seu advogado, Frederic Joachim, a argumentar que o case se baseia numa parte de frase “fora de contexto”.
O julgamento foi adiado durante anos devido à imunidade de Le Pen enquanto deputado, cargo que ocupou entre 1984 e 2019. No entanto, os outros legisladores retiraram-lhe a imunidade em 2016.
Os comentários causaram problemas até dentro do seu próprio partido, tendo a filha defendido o pai, dizendo que se tratou de “um erro político”. No entanto, Marine Le Pen afastou o pai da liderança da Frente Nacional em 2015 devido às outras condenações em casos de discurso de ódio, numa tentativa de limpar a imagem do partido.
O escândalo não impediu que Jean-Marie Le Pen continuasse a fazer comentários polémicos e racistas sobre judeus, imigrantes ou muçulmanos, a ser uma presença mediática regular e uma figura importante na direita francesa.