Uma equipa de investigadores do Centro de Regulação Genómica de Barcelona, liderada pelo português Pedro Carvalho, identificou um novo mecanismo de controlo da qualidade das proteínas nas células, que pode revelar-se importante nas doenças neurodegenerativas.
O mecanismo foi detetado nas membranas do núcleo da célula, numa experiência com organismos unicelulares, como a levedura de cerveja e o fermento de padeiro, e que Pedro Carvalho e a sua equipa querem, posteriormente, testar em células humanas pluricelulares.
Cada célula contém milhões de diferentes proteínas, que, por definição, são moléculas lineares, mas que, para serem funcionais, têm de assumir estruturas tridimensionais específicas.
Todas as moléculas de proteínas são constituídas por cadeias de aminoácidos unidos. Tal como uma linha de produção de uma fábrica, as células têm sistemas de garantia de qualidade.
Além de eliminar as proteínas defeituosas, o mecanismo de controlo de qualidade possibilita à membrana do núcleo da célula livrar-se das proteínas que caem nela “por acidente” e que a podem descaracterizar.
Pedro Carvalho explicou à Lusa que mecanismos como este permitem às células reconhecerem as “proteínas defeituosas”, as que não são funcionais e começam a ser tóxicas, e eliminá-las do sistema, acrescentando que “a acumulação de proteínas defeituosas está associada a várias doenças, como as neurodegenerativas”, nomeadamente a esclerose múltipla e as doenças de Parkinson e Alzheimer.
O investigador precisou ainda que a membrana do núcleo da célula desempenha um papel fundamental, tendo “proteínas envolvidas na regulação e distribuição dos cromossomas ou que controlam a expressão de determinados genes”.
Segundo Pedro Carvalho, as proteínas tornam-se defeituosas, e “têm impacto negativo nas células”, quando não assumem a sua configuração funcional de “forma perfeita”, ou há fatores externos, como o “stress”, as mutações e o envelhecimento, que “podem interferir com o processo” químico de configuração.
Os resultados do estudo foram publicados na revista Science.
ZAP / Lusa